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terça-feira, 5 de junho de 2018

As areias do tempo


   
Nesta terça-feira chuvosa, convidamos a comunidade de Vacaria para visitar a Biblioteca Municipal Theobaldo Paim Borges, e retirar um livro para ler nos momentos de folga.
    A dica de hoje é uma obra de Sidney Sheldon, "As areias do tempo", uma história envolvente que se passa na Espanha. Em cantos opostos de um sangrento conflito, o carismático líder guerrilheiro Jaime Miró e o corrupto e sádico repressor governista Ramón Acoca estão dispostos a morrer pelos seus ideais. Quando Miró liberta da cadeia dois companheiros separatistas do ETA, Acoca passa a liderar uma implacável perseguição. Desconfiado de que o esconderijo dos revolucionários seja um convento numa região rural, ele ataca brutalmente o santuário. Quatro freiras são, então, arrancadas da paz da clausura e jogadas ao caos da turbulência política. Sob a liderança da irmã Lucia, elas escapam para a floresta, onde, a contragosto, são acolhidas por Miró e seu bando. Rumo a um local seguro, o exótico grupo precisa se dividir para despistar Acoca. Mas além de enganar seus perseguidores, as religiosas precisam, ainda, se acostumar com uma nova rotina. Sem a proteção da vida monástica, elas são vítimas de todo tipo de tentação. E a única forma de vencê-las, ao que parece, é ceder...

Foto e sinopse: Saraiva

segunda-feira, 12 de março de 2018

Clube da Leitura - Março 2018


Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.”

Publicada em 2005 a obra A Menina que Roubava Livros (The Book Thief) do autor australiano Markus Zusak, é a cativante história de Liesel Meminger que, após uma série de eventos trágicos, foi entregue à família Hubbermann. O enredo tem como cenário a Alemanha nazista e um narrador peculiar: a própria Morte.
Apesar da narração impecável, a trama é simples.  Zusak nos transmite a ingenuidade em plena segunda guerra mundial através da protagonista que busca na literatura o refúgio dos males da guerra. Vide a perseguição não só aos judeus e minorias, como também, livros que fossem ”inconvenientes” ao regime, fazendo se tornar secreto a adoração pelos livros por Liesel,  roubando seu primeiro livro ‘’O Manual do Coveiro’’ antes mesmo de saber ler.
Este é o livro do Clube de Leitura do mês de março. Nos encontraremos no dia 28, quarta-feira, às 18 horas, na Biblioteca Pública Municipal para conversar sobre esta obra. Em nossa “viagem Literária”, saímos da Itália de Humberto Eco e vamos para o grande continente australiano de Markus Zusak.           
                                             (Resenha de Rafael Medrado do blog “Torre de Vigilância”).
Venha viajar com a gente ! Escolheremos o próximo país neste encontro.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Seção Resenha de Livros: CONCERTO CAMPESTRE

Olá.
Aqui é o Rafael novamente, em nova colaboração para o blog da Biblioteca Pública. Faz tempo que não passo aos leitores outra resenha de livros, então, vamos dar uma movimentada neste blog.
Vamos falar, hoje, de livro. De romance. De romance de fundo histórico ambientado no Rio Grande do Sul. Vamos trazer de novo aos holofotes o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, um especialista no gênero.
Vamos hoje falar de CONCERTO CAMPESTRE.

O LIVRO
CONCERTO CAMPESTRE, hoje o livro mais lembrado de Assis Brasil – muito por conta da adaptação do mesmo para cinema – foi publicado pela primeira vez em 1997, pela editora L&PM, atual editora das obras do escritor. A capa acima é da primeira edição, com ilustração do cartunista Caulos – e com essa ilustração permanece nas edições posteriores.
O romance, ao contrário dos dois outros que resenhei aqui no blog – Cães da Província e Videiras de Cristal – não se serve de fatos reais para a construção ficcional, ou melhor, só um pouco. CONCERTO CAMPESTRE se utiliza de um contexto histórico conhecido pela historiografia e de uma história lendária para a condução do enredo, além de carregar um pouco da experiência de vida do autor – o motor do enredo é a música clássica, e Luiz Antonio de Assis Brasil já havia sido músico, tendo tocado na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) como violoncelista, nos anos 1970, antes de abraçar a literatura.
Outro motor do enredo ele relata em uma nota no posfácio da obra:
“A história da moça abandonada no boqueirão me foi contada por uma amiga, a escritora Hilda Simões Lopes, e aconteceu no século passado [século XIX], nos campos de sua família. É, portanto, uma ‘história real’, o que lhe dá certa nota picante; mas aqui, como em todas as realidades, a fantasia ocupa o lugar do trivial e do desconhecido – e isso é apenas uma homenagem à Literatura. (L.A. de A.B.)” (in: Concerto Campestre – L&PM, 1997, p. 175).
CONCERTO CAMPESTRE ganhou ainda mais notoriedade após a adaptação para cinema, dirigida por Henrique de Freitas Lima em 2004. Deste falamos depois.
A narrativa de CONCERTO CAMPESTRE é conduzida fazendo uso do insólito, do inesperado, do suspense e do bucolismo (forma de poesia que valoriza a vida pastoril), conduzido suavemente como uma valsa ecoando na solidão do pampa, num enredo que envolve preconceitos, paixões, violência e termina num final surpreendente. Além disso, é um livro que se lê em uma só sentada: a primeira edição tem 176 páginas, sem contar capa, e só sete capítulos. Só o que pode assustar o leitor são os parágrafos contínuos, intermináveis, e quase sem travessões para indicar os diálogos. Fora isso, o livro de narrativa não-linear, com idas e vindas constantes de um ponto do tempo a outro, ritmo de uma ópera e revelações surpreendentes ao fim de cada capítulo, é agradável.

O ENREDO DA ÓPERA
A história de CONCERTO CAMPESTRE se passa na segunda metade do século XIX, no interior do Rio Grande do Sul, na vila de São Vicente, à beira do Rio Santa Maria. Ali, está a estância charqueadora (fazenda de criação de gado e produção de carne-seca para comércio) pertencente ao conservador e autoritário Major Antônio Eleutério Fontes, homem de passado rude que atuara na Guerra dos Farrapos. Ali, ele vive com a família, composta pela esposa, a ainda mais conservadora D. Brígida, três filhos homens, dois netos e uma filha temporã, Clara Vitória.
Apesar do conservadorismo e dos códigos morais hoje tacanhos, que ele procura preservar a todo custo, o Major Eleutério cultiva uma excentricidade, que podemos tomar como um sinal de modernidade, naquele local ermo e praticamente longe de outros sinais de civilização: uma orquestra particular, a Lira Santa Cecília.
Começou quando o Major encontrou dois índios missioneiros e andarilhos tocando seus instrumentos, e, após uma desconfiança inicial, praticamente gostou do que viu e ouviu, contratando os dois índios para trabalhar na estância, e, claro, tocar de vez em quando para ele. Naquela época, música, de acordo com a moral dos estancieiros, era coisa malvista, coisa de gente de má vida – bêbados e prostitutas – e aceitável apenas dentro das igrejas, por isso D. Brígida, principalmente, símbolo da mentalidade arcaica que se contrapõe ao sinal de modernidade do Major, desaprova a atitude inicial do marido, e o que vem depois...
A notícia de que o Major estava admitindo músicos em sua estância se espalha, e logo outros músicos procuram trabalho na estância. A coisa, no entanto, foge um pouco do controle, pois a maioria desses músicos era de andarilhos e vagabundos – e os índios foram embora, ou pela natureza nômade ou por causa do preconceito dos outros músicos – e então, por sugestão do Vigário da Paróquia de São Vicente – um padre dividido entre o conservadorismo e a modernidade, já que, apesar de se opor às relações amorosas “modernas”, costuma consultar um termômetro para avaliar o tempo – o Major resolve organizar os músicos em uma orquestra.
Para colocar ordem nos músicos da fazenda, o Vigário recomenda ao Major o musico conhecido apenas como Maestro. O mulato, nascido em Minas Gerais, teve uma vida de verdadeiras aventuras, entre empregos como músico em igrejas e no exército, e convivendo com gente “de má fama”, sempre acompanhado de seu bandolim, que ele dedilha nas horas de folga. O Maestro, pago para se dedicar exclusivamente à orquestra, e que ganhou inclusive seu próprio quarto, coloca ordem na casa: organiza os músicos em uma orquestra respeitável, com instrumentos de cordas e metais (que o próprio Major importa), inclusive trazendo músicos de Porto Alegre. Entre eles, o rabequista veterano conhecido como Rossini, por conta de seu gosto por ópera, talentoso e erudito, e que se torna o grande amigo e confidente do Maestro.
Mas o Maestro não é necessariamente um modelo de bom comportamento: apesar das recomendações do vigário e do Major, em uma noite, o mulato seduz uma cozinheira da estância. O Maestro, após ser denunciado, leva uma reprimenda do Major, que, por via das dúvidas, despede a cozinheira.
A Lira Santa Cecília logo se organiza, tocando melodias suaves e agradáveis em festas, velórios ou apenas para o deleite do Major, chamando a atenção inclusive dos amigos dele. Um deles faz questão que a Lira toque em seu velório, como um último desejo. Entre um ensaio e outro, o Maestro acaba chamando a atenção da adolescente Clara Vitória, então na flor da virgindade e da pureza, e em idade de casar – tanto que, por imposição da mãe, passa boa parte do tempo confeccionando seu enxoval, embora seu real desejo seja o de aprender a ler e escrever.
A moça se apaixona pelo Maestro, mas inicialmente o músico a rechaça; mas, pouco a pouco, o Maestro começa a corresponder à afeição da garota. E ambos começam a viver uma relação amorosa proibida e secreta. O Maestro chega a dedicar a Clara Vitória uma composição. E a garota, entre um encontro furtivo e outro no quarto do Maestro, acaba engravidando do mulato.
A gravidez ficou escondida o quanto foi possível. Enquanto isso, D. Brígida, que acha a organização da orquestra uma perda de tempo e preocupada com a posição social da família, tenta arranjar o casamento de Clara Vitória com Silvestre Pimentel, sobrinho e herdeiro do Barão de Três Rios, dono de uma estância vizinha. Vive arranjando encontros entre os dois, sem desconfiar que a filha ama outro, claro. Enquanto isso, Silvestre Pimentel vai adiando a data do casamento – nesse meio tempo, seu tio falece.
Mas não demora para que D. Brígida descubra a gravidez da filha. O primeiro a saber do assunto, mediante confissão, foi o Vigário. Felizmente, quando a gravidez de Clara Vitória vem à tona, a família imagina que o responsável foi Silvestre Pimentel, já que, em uma ocasião, os dois haviam saído sozinhos ao pomar, mas sob os olhares de uma criada. Mas, infelizmente, os inocentes acabam pagando o pato: o Major tenta matar Silvestre Pimentel, mas fracassa. Já quanto a Clara Vitória, leva bofetadas da mãe e o pai acaba a renegando, condenando-a a viver em uma casa abandonada dentro do mato. Essa casa era tida como mal-assombrada, e no local então só entravam alguns escravos para colher cachos de uvas de uma parreira próxima. O acesso à floresta é cortado e vigiado. Em outro acesso de loucura, o Major despede a Lira Santa Cecília, e o Maestro, Rossini e os outros músicos vão para Porto Alegre.
Com o passar do tempo, todos passam por uma degradação moral. O Major vai perdendo a razão, e sua estância, agora administrada pelos filhos mais velhos, passa a ser evitada por todos, inclusive pelo Vigário, depois do que o Major fez a Clara Vitória; a filha, por sua vez, começa a se acostumar com a solidão do lugar ermo, cujo contato com o mundo passa a ser através do capataz da fazenda, que lhe traz comida dia sim dia não, e da parteira – Clara Vitória tem sua filha ali na tapera, e a menina é levada para ser amamentada por uma ama da estância; e o Maestro, por sua vez, vai padecendo de saudades de sua amada, e leva uma vida indisciplinada em seu novo emprego. Está decidido a voltar para a estância e resgatar Clara Vitória.
Afinal, depois de algum tempo, ele consegue realizar seu intento: levando a Lira Santa Cecília, o Maestro retorna, e é recebido com alegria pelo Major, que solicita uma apresentação. Porém, como nenhum dos amigos do Major quer comparecer ao concerto, o homem obriga a criadagem a assistir a apresentação. E os acontecimentos que se seguem são os mais insólitos, envolvendo uma morte e uma inesperada chuva de sangue, conduzindo ao final de uma ópera... com final trágico porém allegro.
Luiz Antonio de Assis Brasil conduz uma ópera sul-riograndense, com influência das poesias bucólicas do poeta romano Virgílio e traduzindo em palavras os sentimentos de quem está preso ao campo em todos os sentidos: desde o espaço geográfico até as convicções morais. Conflito entre modernidade e conservadorismo, até mesmo na forma de amar. A narrativa, apesar da linguagem erudita, prende o leitor até o fim, depois que ele se acostuma com a forma do texto.
CONCERTO CAMPESTRE pode ser encontrado com facilidade nas bibliotecas e em algumas livrarias. Disponível também nos formatos pocket e e-book.

Esta postagem é uma versão revista e com alterações do texto publicado anteriormente no blog Estúdio Rafelipe (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/). Aproveitem e conheçam.
Não deixem de visitar a Biblioteca Municipal Theobaldo Paim Borges! Leiam o livro, e depois assistam ao filme!
Falando nisso, na próxima postagem: CONCERTO CAMPESTRE, o filme.

Até mais!

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Seção Resenha de Livros: O FILHO DO BABY DOLL

Olá.
Aqui é o Rafael novamente, em nova colaboração para o blog da Biblioteca Pública!
Hoje, volto a falar da obra de Fidélis Dalcin Barbosa, escritor e ex-padre. Hoje volto ao resgate de sua obra. Hoje, volto a falar de mais um de seus livros de contos, de pequenas histórias que evocam um passado bucólico e mais acolhedor do Rio Grande do Sul.
Hoje, vou falar de O FILHO DO BABY DOLL.
O FILHO DO BABY DOLL foi publicado pela primeira vez em 1992, pela Tipografia e Editora La Salle, de Canoas, RS – as indicações da editora constam na última página; pela falta de ficha catalográfica nas páginas iniciais da obra, é possível crer que o livro foi lançado de forma independente, à custa do próprio autor. A ilustração de capa é de Elita Facchini.
O livro reúne 20 contos do autor, sendo alguns já publicados anteriormente, em outros livros. Desse conjunto, 10 contos seriam republicados na nova edição de O Primeiro Beijo, lançada no ano seguinte – se eles, claro, não haviam aparecido na edição de 1961. Aliás, na orelha do livro, consta a informação: dos 20 contos, uns são inéditos, outros reproduzidos de livros esgotados – mas sem passar por atualização ou revisão.
Bem. Quando resenhei O Primeiro Beijo, falei desses 10 primeiros contos: O Filho do Baby Doll, Respeito, O Pequeno Marginal, A Normalista, O Pinheiro, Tesouro Escondido no Campo, O Nhandu, O Negrinho do Pastoreio, O Ébrio e Arlete. A estes, no presente livro, se juntam os contos Perseguido de Mulheres, O Hoteleiro, Pescador de Coruja, Pescaria a Dinamite, Lagoa Vermelha – 110 Anos, Quinzote, Os Guadagnin, O Combate da Encruzilhada, Granjeiro Modelo e Granja Três Pinheiros.
O FILHO DO BABY DOLL, embora não deixe de lado o moralismo e a religiosidade comuns à obra do autor, desta vez investe mais em resgatar histórias mais cotidianas, de conhecidos seus ou de gente que fez a diferença em suas regiões. Várias das histórias tem caráter humorístico e evocativo do passado do interior do Rio Grande do Sul – prevalece, nesta obra, o Frei Fidélis contador de causos. Boa parte das histórias se passa na cidade de Lagoa Vermelha, RS, e região – cidade onde Frei Fidélis fixou residência na maior parte de sua carreira.
Bem. Vamos ver – e rever – os contos que compõem esse livro.
Abrindo com O Filho do Baby Doll, que dá título ao livro. O conto procura ser um tratado sobre o relacionamento ideal entre marido e esposa, através da história de uma mulher, esposa de um prefeito que, a conselho de um psicólogo, reencontra o entendimento com o marido reinvestindo no cuidado com a aparência pessoal.
Respeito foi extraído do folclore paranaense. A história de um cachorro “de unha perdida” que, em vida, operava incríveis façanhas junto a sua família; e, depois de ter um fim trágico, começou a operar milagres, como um santo. Como? Leiam para saber!
O Pequeno Marginal conta, em primeira pessoa, a história do filho de uma prostituta, nascido em Lagoa Vermelha, que vive uma vida marginal, vivenciando até sentimentos de vingança – ele tenta, várias vezes, matar um homem que lhe fizera mal – até ser recolhido à Casa do Menor Abandonado daquela cidade e, sob os cuidados do professor Idílio Biavatti (ex-aluno de Fidélis Barbosa), acaba descobrindo o caminho da redenção, do perdão, da vida honrada e do futuro melhor.
A Normalista é outra história com a presença e intervenção do Prof. Biavatti. É narrada a história de como o professor conseguiu salvar uma aluna do Colégio Rainha da Paz, de Lagoa Vermelha, que havia sido desgraçada por um rapaz, da prostituição, e ainda conseguiu reconciliá-la com o tal rapaz, formando uma família e garantindo a ela um futuro honrado.
O Pinheiro conta a história de uma enorme araucária que enfeitava a beira da BR-285, em Lagoa Vermelha, atraindo a admiração dos passantes – incluindo o autor – até ser criminosamente derrubado. Mas a finalidade da derrubada, que no fim foi útil, impede que o narrador da história reclame com o culpado.
Tesouro Escondido no Campo narra a história de um jovem pobre, empregado de uma serraria do município de Barracão, RS, que, guiado por sonhos, decide comprar um lote de terra, buscando encontrar nele um tesouro escondido; mas acaba encontrando mais do que a princípio esperava – e ao custo de um trabalho árduo e honesto.
O Nhandu é uma história humorística. O garoto Valentim – Valentim Rodegheri, o conhecido Frei Brás de Lagoa Vermelha – vivencia uma cômica experiência durante uma caçada pelos campos, decidido a pegar uma ema, a avestruz latino-americana. Porém, sem resultados positivos... Ao mesmo tempo, o leitor, além de se divertir com essa caçada, também aprende a respeito da ema.
O Negrinho do Pastoreio é a recriação de Fidélis Barbosa de uma das lendas tradicionais do Rio Grande do Sul. Porém, há uma terrível constatação: o conto, na verdade, é uma versão resumida e até copiada de conto do pelotense Simões Lopes Neto! Comparem o conto deste livro com a versão da história presente no livro Lendas do Sul...
O Ébrio trata dos males causados pelo alcoolismo. Um homem acaba levando a família à desgraça por conta do vício nas bebidas alcoólicas, até que, em um último ato desesperado, a esposa o recomenda para trabalhar em um colégio de freiras. Mas até ali, ele acaba driblando a abstinência, até que um milagre o faz, afinal, se curar.
Perseguido de Mulheres trata de um episódio da vida de um amigo de Fidélis Barbosa, Bélio Fiori, de Vila Flores, RS, quando este foi a Urucânia, MG, pedir a bênção a um padre – e, ali, é seguido quase que obsessivamente por uma moça local.
O Hoteleiro é um resumo da história de Daniel Bertelli, que foi tema de um livro anterior de Frei Fidélis (Daniel Bertelli, Hoteleiro, Porto Alegre: EST, 1987). O católico e fervoroso Bertelli iniciou suas atividades de hoteleiro em Lagoa Vermelha, mudando-se posteriormente para o Paraná; lá, na cidade onde se instalou, o hoteleiro move mundos e fundos para construir uma igreja, e para conseguir um pároco para a mesma – até que consegue convencer um ex-padre a voltar ao sacerdócio.
Arlete conta um episódio da vida do Padre Paulo – alter-ego de Fidélis Barbosa – que estrelara uma série de contos em O Primeiro Beijo. A caminho de Portugal, onde ficaria alguns anos, o Padre passa uns dias no Rio de Janeiro, e a empregada de uma livraria acaba se apaixonando por ele. Apesar de esse amor não poder ser levado adiante, a moça e o padre continuam a se corresponder à distância, até que, um dia, subitamente, Arlete não dá mais notícias. O que acontecera?
Pescador de Coruja trata das façanhas de Daniel Barreto, também de Lagoa Vermelha, exímio atirador e que conseguira, inclusive, pescar uma coruja! Causo de pescaria? Frei Fidélis garante que é verdade...
Por falar em pescaria, o conto seguinte, Pescaria a Dinamite, também trata de uma aventura de pesca inacreditável, também vivenciada por conhecidos de Frei Fidélis. Tal aventura se dá por conta de uma controversa técnica de pesca praticada por um dos personagens – mas que, no fim, o faz perder o cachorro.
Lagoa Vermelha – 110 Anos é a reprodução de um discurso do vereador José Antônio de Andrade, ex-aluno de Frei Fidélis, proferido na ocasião do aniversário de 110 anos do município, comemorados em 1991 – se não estou enganado.
Falando em Lagoa Vermelha, Quinzote resgata a história de valentia e tragédia de um dos fundadores do município, Joaquim Antônio Fernandes.
Os Guadagnin também evoca o município de Lagoa Vermelha, que já foi – e continua sendo – um importante polo de fabricantes de móveis. Que o diga a família Guadagnin, fundadora da Móveis Rodial, ainda em funcionamento. A crônica se concentra, principalmente, na história de um dos membros da família, Antônio, e de como ele conseguiu driblar uma morte trágica, na primeira metade do século XX.
O Combate da Encruzilhada também se passa na região de Lagoa Vermelha. É a tentativa de resgatar um episódio sangrento da Revolução de 1923, conflito ocasionado por conta da tentativa do governador Borges de Medeiros em se perpetuar no poder.
Granjeiro Modelo foi publicada originalmente no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, em 1964 (isso está informado no fim da crônica), e resgata tanto a história como um depoimento do empreendedor Raul Feijó, e seu modelo de gerenciamento dos empregados de sua granja. Lembra o romance Prisioneiros do Campo.
E, por fim, Granja Três Pinheiros resgata a história da empresa que já foi a maior produtora e comercializadora de cereais da região de Lagoa Vermelha – bem como a de seus proprietários, o português Adriano Botelho Machado e sua esposa, Alzira Bonotto. O conto resgata a história do esforçado Adriano, que enxerga valor no aproveitamento total dos pinheiros – incluindo suas partes “inúteis” – e como ele conheceu a esposa. Inclui uma foto – a única ilustração do miolo do livro.
Só quem conhece Lagoa Vermelha notará algo familiar nas crônicas de O FILHO DO BABY DOLL. Os outros encontrarão nas páginas deste livro o resgate de uma época que já foi, mais ensolarada, e infelizmente, superada – ficaram os sentimentos negativos. Seria o símbolo de um lado “positivo” da época do Regime Militar? Que fique claro que, ao contrário do que propagam por aí, o período 1964 – 1985 não foi homogêneo: houve gente que conseguiu viver de forma diferente do “modelo econômico”, das guerras entre “direita” e “esquerda” e da censura. A prova disso é que estamos aqui, descendentes de quem viveu naquela época.
De todo modo, fica a recomendação: O FILHO DO BABY DOLL, para quem quer tentar conhecer como se vivia no século XX.

Esta resenha é uma versão revisada e com alterações do texto publicado anteriormente no blog Estúdio Rafelipe (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/). Aproveitem e conheçam.
Visitem a Biblioteca Pública Municipal Theobaldo Paim Borges, e conheçam o que temos disponível da obra de Fidélis Dalcin Barbosa!

Até a próxima resenha!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Seção Resenha de Livros: O PRIMEIRO BEIJO

Olá.
Aqui é o Rafael novamente, retornando com suas colaborações para o blog da Biblioteca Pública.
Hoje, vou falar mais uma vez de livro.
Hoje, voltarei a falar sobre o escritor gaúcho Fidélis Dalcin Barbosa, o qual me dispus a resgatar sua obra, na medida do possível.
Hoje, trago aos leitores um de seus primeiros livros publicados. Escolhi, para hoje, um de seus primeiros livros de contos.
Hoje, então, vou falar de O PRIMEIRO BEIJO.
O PRIMEIRO BEIJO foi publicado pela primeira vez em 1961, pela editora Lar Católico, de Juiz de Fora, MG, e foi o terceiro livro que ele lançou – no mesmo ano, ele já havia lançado o também livro de contos Semblantes de Pioneiros e o romance infanto-juvenil O Prisioneiro da Montanha. A edição acima de O PRIMEIRO BEIJO, com capa minimalista de Elita Facchini, foi lançada pela editora EST (Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes), de Porto Alegre, RS, em 1993, portanto, trata-se de uma edição atualizada, com acréscimos. Mesmo assim, será a base de nossa postagem.
O presente livro é uma reunião de 24 contos, distribuídos em 160 páginas (sem contar capa), que revelam, além de um escritor em início de carreira, o pensamento de um então padre, guiado pelo moralismo conservador de sua época. Por isso, vários dos contos do livro apresentam por características:
1 – Sua visão de religião cristã, no sentido da promoção da caridade, da conversão para o bem e o combate às tentações malignas, por vezes usando como exemplo vidas de santos e de beatos, e usando, à larga, citações da Bíblia;
2 – Sua visão de família, que, para ele, ideal que seja a nuclear, formada por marido, esposa e filhos, vivendo uma vida baseada no respeito mútuo e às instituições, na educação adequada das crianças e na indissolubilidade do casamento (nenhuma referência à homossexualidade, a mínima que seja);
3 – Sua visão da modernidade, que por vezes se opõe aos avanços de sua época, como o controle de natalidade – o que, naturalmente, acaba fazendo Fidélis Barbosa ser classificado como um contista “carola” e “conservador”, “fora de moda”, etc.;
4 – Por consequência, sua visão de bem e de mal, que praticamente não bate com o pensamento dos dias de hoje, em alguns aspectos. Em outros, ainda entra em concordância, como, por exemplo, ao apresentar personagens corrompidos pelo alcoolismo, prostituição e marginalidade, que, no fim, conseguem encontrar a redenção.
O PRIMEIRO BEIJO representa, nesse ínterim, uma visão de vida cristã a qual, infelizmente, muitos de nós, hoje em dia, não concordamos mais. A disseminação de ideologias políticas de esquerda, de novos ideais a respeito do amor e da sexualidade, da família e da religião, e a entrega da sociedade ao alcoolismo, às drogas – muitas vezes “promovidas” positivamente pela mídia – e à violência transformaram o mundo e nosso estilo de viver. Para melhor ou para pior? Depende de como vocês veem o mundo – tem quem interprete o respeito às instituições e a promoção das virtudes cristãs como “fascismo”. Eu prefiro não tirar conclusões agora. Fidélis Barbosa já tirara as suas.
Bem. Não tenho como dizer, no momento, quantos contos eram na primeira edição, e quais. Na edição de 1993, constam 24 contos, alguns posteriormente incluídos em outros livros de contos de Frei Fidélis, como O Filho do Baby Doll e Tesouro Escondido no Campo. Alguns contos apresentam personagens que ou protagonizam ou tem papeis importantes em outros contos da mesma coletânea – alguns personagens, ao que tido indica, realmente existiram, e Fidélis Barbosa resgata-lhes a memória através das pequenas histórias de sua vida. Bem, os contos de O PRIMEIRO BEIJO são os seguintes...
O Primeiro Beijo, que dá título ao livro, trata de uma história de conversão. Uma família, em crise por conta dos vícios do marido, e bem na época em que a filha está recebendo a Primeira Comunhão na igreja, acaba reencontrando o caminho para a harmonia familiar justo naquele momento. Tudo dependeu de dois gestos: o pai comparecer à missa, e a filha pedir perdão aos pais, como parte da cerimônia.
O Perfume de Santa Rita é um dos contos que trazem a presença do Padre Paulo, um conhecido de Fidélis Barbosa que passou um período na Europa. No conto, é narrado um milagre ocorrido durante uma peregrinação motorizada pela Itália, rumo ao santuário de Santa Rita de Cássia. Teria a santa intercedido para que os romeiros não perdessem a viagem?
O Mendigo, aparentemente, é um dos contos incluídos em edição posterior, já que narra acontecimentos ocorridos em 1983. Como um mendigo, conformado com sua vida dependente da caridade alheia, reagiu diante da tragédia provocada por uma enchente na cidade onde vivia.
O Sorriso de Mônica narra como um simples sorriso de uma garota pode mudar a vida de algumas pessoas em situação de desesperança.
Em Visão Macabra, o Padre Paulo, após retornar ao Brasil e prestando aulas de Geografia no Ginásio Duque de Caxias, de Lagoa Vermelha, RS, conta a seus alunos algumas curiosidades sobre suas viagens pela Europa – sobretudo sobre os ossários e corpos mumificados presentes nas cidades de Évora, em Portugal, e em Palermo, na Itália.
Na Floresta Amazônica narra uma dramática história de sobrevivência. Os sobreviventes da queda de um avião na dita floresta precisam sobreviver na medida do possível, com recursos escassos. A salvação acaba vindo de... um papagaio.
Na Solidão do Deserto narra um episódio da vida de dois santos no século IV – o encontro de São Paulo Eremita, religioso romano que resolveu se refugiar no deserto, e Santo Antão Abade, o responsável por lhe dar sepultura.
A Tentação é outro conto com participação do Padre Paulo. Aqui, ele ouve uma história a respeito de um camponês que tem a chance de colocar as mãos em um tesouro que ele presenciou ser enterrado por dois irmãos, mas tal perspectiva, em realidade, acaba tirando sua paz – e a necessidade de fazer a coisa certa lhe traz bem-aventurança.
O Padre Paulo retorna a seguir em Ciclista Cego, uma breve reunião de pequenos fatos pitorescos presenciados em sua estadia em Portugal – entre eles, um homem cego de nascença que, ainda assim, consegue andar de bicicleta sem bater em nada.
Em Flor do Charco, Fidélis Barbosa conta, à sua maneira, a história de Santa Margarida de Cortona, uma jovem italiana do século XIII que vivia uma vida de luxúria até encontrar o arrependimento e o propósito de viver uma vida santificada.
Em O Anjinho, uma professora conta algumas histórias da época da imigração italiana no Rio Grande do Sul, entre elas a de um menino exemplar e seu destino trágico e inesperado.
Em O Jardim Talado, o autor narra como uma comunidade acabou arruinada porque suas mulheres resolveram aderir ao controle de natalidade – ao aborto e à esterilização.
Em A Maldição, nos é narrada a trágica história de um filho desobediente e viciado que, no fim, termina louco – tudo apesar dos esforços de sua mãe, e do padre que cita passagens bíblicas até não mais poder.
Em A Nevada de 1965, outro conto incluído posteriormente, um espetáculo natural ocorrido naquele ano – a queda de formidável quantidade de neve – acaba se transformando em tragédia para a população de Lagoa Vermelha. Só a boa vontade dos céus pode afastar das pessoas um pensamento de fim de mundo.
O Filho do Baby Doll, que mais tarde batiza o livro homônimo, é um pequeno tratado sobre como resgatar a felicidade conjugal: basta a esposa investir um pouco na aparência pessoal, e assim o marido deixará a amante de lado. É o que faz a esposa do prefeito de uma cidade, ao ouvir os conselhos de um terapeuta.
Respeito conta a história de um inteligente e fiel cachorro que viveu uma vida feliz ao lado de seus donos, acabou tendo um destino trágico e, por caprichos da vida, acaba “promovido” a santo milagreiro.
Em O Pequeno Marginal, o personagem-narrador conta sua história de sofrimentos, rancores e redenção. Nascido filho de uma prostituta, vive uma vida de marginalidade, e até cogita se vingar de um homem que lhe fizera mal, porém, encontra um novo propósito de vida ao ser recolhido à Casa do Menor Abandonado de Lagoa Vermelha, ficar aos cuidados de um professor que o auxiliou, e, no final, encontrar o perdão por parte de seu agressor e um novo propósito de vida, que o levará a se tornar um adulto responsável.
Em A Normalista, o professor Idílio Biavatti, da Casa do Menor Abandonado, e que auxiliara o personagem principal do conto anterior, narra como conseguiu tirar uma jovem, que fora desgraçada, do abismo da prostituição, reconciliá-la com a família e arranjar a ela um casamento, conseguindo recoloca-la no bom caminho.
Em O Pinheiro, o autor fala a respeito de uma árvore; o pinheiro do título dera muita alegria a quem visitasse um campo. Ao ser derrubado, acaba servindo a outros propósitos – o que impede o narrador de reclamar com o responsável pelo crime.
Em Tesouro Escondido no Campo, que dá título a outro livro do autor, nos é contada a história de um rapaz pobre, porém trabalhador e ambicioso que, guiado por sonhos, resolve comprar um lote de terreno não-aproveitado na esperança de encontrar um tesouro enterrado – mas ali, acaba encontrando muito mais do que esperava, e à custa de muito trabalho.
O Nhandu destoa dos demais contos por ser mais humorístico e menos cristão. Narra uma divertida história de caçada nos campos, onde até emas – também chamadas de avestruzes ou nhandus – acabam envolvidas. E o personagem principal, no propósito de apanhar um desses animais vivo, acaba sofrendo bastante...
O Negrinho do Pastoreio é a versão de Fidélis Barbosa para uma das mais tradicionais lendas do Rio Grande do Sul – a história de um pequeno escravo que sofre nas mãos de seu senhor, e, no final, acaba sendo santificado.
Em O Ébrio, mais uma história de redenção, da tragédia à conversão. A história de uma família em crise por conta do alcoolismo do marido, que passa por poucas e boas na luta contra o vício, inclusive indo trabalhar em um colégio de freiras, até a cura vir... da intervenção divina, de um milagre.
E, para terminar, Arlete conta um novo episódio da vida do Padre Paulo, este ocorrido antes de ele embarcar para a Europa. Antes da partida, ele acaba conhecendo uma jovem que se apaixona por ele, mesmo essa afeição sendo impossível; mas ambos continuam se correspondendo, até que, de uma hora para outra, a jovem Arlete para de escrever. O que teria acontecido?
Esta edição de O PRIMEIRO BEIJO apresenta alguns erros de ortografia, distrações por parte dos responsáveis pela edição. E não são poucos.
Porém, vale uma lida, como forma de entrar em contato com uma mentalidade que já ficou ultrapassada. O que aconteceu realmente com o antes respeitável povo do Rio Grande do Sul, nascido de uma mescla de raças e etnias que primavam pelo trabalho abnegado e pela religiosidade?

Esta resenha é uma versão revista e com alterações do texto publicado anteriormente no blog Estúdio Rafelipe (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/). Aproveitem e conheçam.
Como tantos outros livros de Fidélis Barbosa, este também se encontra disponível na Biblioteca Pública Municipal Theobaldo Paim Borges. Conheçam e se encantem.
E, aos poucos, vamos retomando nosso ritmo normal de ações de divulgação de nossa instituição.

Até a próxima resenha!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Seção Resenha de Livros: MUCKER - FANÁTICOS OU VÍTIMAS?

Olá.
Aqui é o Rafael novamente, em mais uma colaboração para o blog da Biblioteca Pública.
Há algum tempo, neste blog, estou resenhando mídias ligadas à Revolta dos Mucker (1868 – 1874), um episódio da história da imigração alemã ao Estado que ainda queima os neurônios dos pesquisadores: hoje, não há dúvida que houve mais interesses em jogo do que simplesmente eliminar uma suposta corrente cristã sacrílega liderada por um suposto curandeiro charlatão e uma suposta mulher frágil e louca que afirmava ser encarnação de Cristo...
Bem. Quando comecei o rosário falando sobre o livro Os Fanáticos de Jacobina, de Fidélis Dalcin Barbosa, prometi que traria aos leitores algumas obras que trouxessem uma “segunda versão” da que ele narrou. E hoje cumpro o prometido: o livro de hoje nos traz a “segunda versão”. Ironicamente, pela mesma editora.
Eis aqui, então, MUCKER – FANÁTICOS OU VÍTIMAS?, de Antônio Mesquita Galvão e Vilma Guerra da Rocha.

AS CONVICÇÕES DE UM HISTORIADOR
Caso vocês venham a ler as postagens anteriores, podem ver o quanto o pensamento deste autor mudou ao longo do tempo, desde que fiz referência à “guerra santa” de Jacobina Maurer na resenha do citado livro de Fidélis Barbosa. O quanto o conhecimento aumentou sobre o episódio de Sapiranga. Bem... nem preciso me dar ao trabalho de resumir de novo o que foi a Revolta dos Mucker, não? Se até o “s” no fim de “muckers” eu eliminei, já que aprendi que o termo correto é no singular, que, na língua alemã, também designa o plural. “Muckers” é termo “abrasileirado”.
E também aprendi que o termo “mucker” não tem o significado que lhe foi consagrado. Não significa “fanático” nem “falso santo”; vem do verbo mucken (incomodar) e significa “incomodado”, “reclamante”, “contestador”, “descontente”, “raivoso”, “vingativo”, “teimoso”, “casmurro”. Foram os sucessores de um cronista religioso de origem alemã que propagaram esse significado. Já volto a essa parte.
Quem disse isso foram os autores de MUCKER – FANÁTICOS OU VÍTIMAS?. Um dos primeiros livros que contestam a “versão oficial” de então sobre a revolta.

OS CONTESTADORES
MUCKER – FANÁTICOS OU VÍTIMAS? foi publicado em 1996, pela editora EST, de Porto Alegre – a mesma que publicou Os Fanáticos de Jacobina. Desde 1996, portanto, a visão histórica a respeito dos mucker nunca mais foi a mesma. Se antes víamos a Revolta dos Mucker como uma batalha contra uma seita sacrílega inimiga da ordem, hoje vemos a seita de Jacobina como uma forma de protesto contra as injustas condições de vida dos colonos alemães estabelecidos ao pé do Morro do Ferrabraz, em Sapiranga, então distrito de São Leopoldo. Graças ao presente livro que, à parte do projeto de capa simplório, é uma rica fonte de informação até para quem é leigo em História.
Mas é preciso falar a respeito de seus autores, claro.
A começar por Antônio Mesquita Galvão, nascido em Porto Alegre em 1942; aposentado da Caixa Econômica Federal; escritor veterano (publica livros desde 1981); autor de mais de 110 livros, com edições no Brasil e no exterior; que também colabora para jornais, revistas e portais de circulação nacional e internacional escrevendo artigos; ex-professor universitário; especialista em bioética, teologia, filosofia; que fala 5 idiomas; que ministra cursos de desinibição e comunicação; que anima círculos bíblicos em Canoas, RS, onde reside com a esposa, Carmen Silva Galvão; enfim, um extenso currículo.  
Já sobre a co-autora, Vilma Guerra da Rocha, não consegui levantar maiores informações sobre o que faz na atualidade. Na época da publicação do livro, Vilma Rocha era pós-graduanda em História do Rio Grande do Sul na UCPel (Universidade Católica de Pelotas), e já havia escrito uma dissertação a respeito dos mucker. Ela também tem um livro de poemas, Eu... Você... Eternidade, publicado pela Gráfica Livraria Mundial de Pelotas, em 1993.
Foi na ocasião do lançamento do livro que nasceu o projeto conjunto: conforme narra na introdução do livro, Antônio Galvão já era conhecido de Vilma Rocha – ela foi colega de aula da esposa do escritor e professora de uma das filhas dele. Em 1993, então, os dois se encontraram na ocasião do lançamento do livro de poesias de Vilma, e, visto que tinham o mesmo interesse pelo episódio, deram origem ao projeto conjunto sobre os mucker, que veio à tona em 1996, na forma do livro MUCKER – FANÁTICOS OU VÍTIMAS?.
E, em 1996, a situação era outra em Sapiranga. Conforme os autores relatam, na ocasião, a cruz que indicava o suposto local da morte de Jacobina Maurer não estava só abandonada como também havia caído devido à ação dos cupins e dos pica-paus. Apenas o monumento ao Coronel Sampaio, o “herói” da Revolta dos Mucker, apresentava um razoável estado de conservação. E nada do poder público da época fazer algo a respeito, apesar de os próprios autores terem escrito cartas à Prefeitura de Sapiranga.
A situação mudou, supomos, apenas em 2002, na época das gravações do filme A Paixão de Jacobina – e, certamente, nem os autores, Galvão e Rocha, devem ter gostado da visão dos fatos apresentada no filme. Mas uma nova cruz foi erguida no local, e hoje é local de visitação turística, e faz parte do roteiro conhecido como Caminhos de Jacobina. O morro do Ferrabraz, por sua vez, ainda é ponto para praticantes de asa-delta. E Sapiranga ainda é a “Cidade das Rosas”.

A ORIGEM DAS RECLAMAÇÕES
OK. O que sabemos a respeito dos muckers, até os anos 1990, era fruto de uma visão preconceituosa de religião, em voga no início do século XIX.
A “culpa” pela demonização da imagem dos mucker foi do padre jesuíta alemão Ambrósio Schupp (1840 – 1914). Ele veio ao Brasil em outubro de 1874, pouco depois do fim do conflito mucker (ocorrido em agosto do mesmo ano), e, pegando relatos orais ainda em clima de animosidades contra os “fanáticos”, escreveu, em 1900, o livro Die Mucker – Eine erzählung aus dem leben der deustchen kolonien brasiliens inder gegenwart (Os Mucker – Uma narrativa da vida das colônias alemãs no Brasil na atualidade). O livro, publicado em Paderborn, Alemanha, e portanto redigido em alemão, foi traduzido para o português em 1904, por Alfredo Clemente Pinto. Foi Schupp quem pintou os mucker como sendo fanáticos e violentos, mas não sem má intenção – lembrem-se: Schupp era católico, chegou ao Brasil quando a poeira ainda não havia baixado, e acabou pegando o zeitgeist (espírito do tempo) da época. E, no século XIX, não havia tanta tolerância religiosa. A religião oficial do Estado era o catolicismo, e religiões protestantes eram apenas toleradas, desde que não construíssem templos. Melhor nem pensar quanto ao islamismo, ao judaísmo e às religiões de origem africana...
Schupp serviu-se, para escrever seu relato, de fontes orais vindas de pessoas que na época conviveram com os mucker, mas todas do lado contrário ao de Jacobina Maurer e seus seguidores – entre estas, o Inspetor João Lehn, o opositor Felipe Sehn, o Delegado de Polícia de São Leopoldo, Lúcio Schreiner, e o Subdelegado Christiano Spindler. E, claro, estes lançaram os boatos a respeito do que acontecia nas reuniões na casa do curandeiro João Jorge Maurer (o “charlatão”) e sua esposa Jacobina (a “louca e analfabeta”): uso de ervas alucinógenas, bênçãos com beijos, trocas de casais, orgias e até cenas de canibalismo. E, claro, que os mucker foram, gratuitamente, autores de muitos crimes contra a propriedade, como assassinatos e queimas de casas.
E, claro, foi Clemente Pinto quem cunhou, em sua tradução, o significado do termo mucker como “fanático”.
De todo modo, por falta de mais fontes, e por conta da reserva a qual os descendentes dos personagens da História tratam do assunto – as gerações mais jovens é que passaram a sentir orgulho, ao invés de vergonha, de saberem-se descendentes de mucker – o livro de Schupp se tornou a obra dogmática para falar a respeito do episódio do Ferrabraz, tal como Os Sertões, de Euclides da Cunha, se tornou referência primeira sobre a Guerra de Canudos. Obras posteriores seguiram a mesma linha de raciocínio do padre, já que a análise de seu livro, de todo modo, é obrigatória a quem se aventurar no episódio do Ferrabraz. O difícil, claro, é encontrar um exemplar, nos dias de hoje, de Os Mucker.
Quando escreveu Os Fanáticos de Jacobina, em 1970, Fidélis Barbosa seguiu a linha de Schupp – praticamente, decalcou a obra do padre quando publicou sua versão da história, em capítulos, no jornal Correio Riograndense, e depois em livro, pela mesma editora EST. Os cineastas Jorge Bodanzky e Wolf Gauer, quando produziram o filme Os Mucker, em 1978, seguiram linha idêntica ao texto de Schupp. Nem mesmo Luiz Antônio de Assis Brasil, em seu romance Videiras de Cristal, de 1990, escapou: a narrativa romanceada também segue a linha do livro de Schupp.
Ainda foram lançadas outras obras focando o episódio. Mas nenhuma se afastando da linha de raciocínio de Schupp. E assim foi... até 1996.

A NOVA VERSÃO
O livro de Galvão e Rocha é até curto – 112 páginas, sem contar capa – e dividido em três partes com dois capítulos cada. E se propõe não apenas a ser uma narrativa diferente a respeito dos mucker, como também um pequeno curso de História, visando também ao público que não é da área.
Em 1996, estava em curso uma nova maneira de ensino e redação da História, através do revisionismo crítico que se contrapunha à visão então em voga durante o Regime Militar Brasileiro (1964 – 1985). Principalmente no que diz respeito às Revoltas Populares lideradas pelos chamados beatos subversivos: Galvão e Rocha aproveitam e também fazem um paralelo entre a Revolta dos Mucker e a Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e outras... que até então foram ensinadas, nas escolas, como lutas contra gente desordeira e perturbadora da ordem vigente.
Bem, hoje sabemos que não é assim: Canudos e Contestado hoje são vistas como revoltas de gente que viu nos líderes religiosos apenas uma saída para a situação de miséria que viviam, em geral por conta dos interesses dos donos do poder da época. Mas os historiadores, em geral a serviço dos “donos do poder”, pintaram para as novas gerações a imagem demonizada de líderes como Antônio Conselheiro, do Monge João Maria... e de Jacobina Maurer.
E Galvão e Rocha, nos primeiros capítulos da obra, também oferecem ao leitor algumas reflexões a respeito da atividade do historiador: em grande parte das vezes, a História foi escrita pelo lado “vencedor” das revoltas populares, em geral os representantes do poder de sua época, e é natural que estes acabem fazendo uma má imagem do lado “perdedor”. E, vocês sabem: o lado “vencedor” é o que garante a perpetuação de um status quo, por mais injusto que ele seja para a maioria das pessoas, apenas em benefício de uns poucos.
A estrutura do livro de Galvão e Rocha é meio caótica, o texto construído com os tópicos em uma ordem aleatória, sem o sequenciamento adequado que se espera de uma obra desse feitio. Do breve resumo sobre a imigração alemã no Rio Grande do Sul, para caracterizar o cenário e a época, os autores fazem as reflexões sobre a relação entre História e poder; depois, falam a respeito das revoltas dos beatos subversivos, falando, na ordem, de: Cabanagem, Sabinada e Balaiada; Canudos; Mucker; Contestado e Fundão. E daí, parte para um completo relato sobre os Mucker. Tudo isso apenas na primeira parte, A Tese.
Na segunda, A Antítese, e na terceira, A Síntese, os autores já começam a desmontar, na base da suposição em cima dos relatos oficiais e extraoficiais, e com ajuda de fontes auxiliares, o que se sabia até agora a respeito dos mucker – e começam a responder a pergunta expressa no título do livro.
Uma análise da época da história permite antever que havia muito mais interesses por parte das autoridades de São Leopoldo do que acabar com uma seita de fanáticos. Havia uma disputa entre pastores protestantes (como a que houve entre o pastor Boeber, o principal inimigo dos mucker, e o pastor Klein, o “mentor intelectual” da seita mucker) e padres católicos pela influência religiosa na região; havia uma disputa por terras no morro do Ferrabraz, entre grandes proprietários e colonos – as terras ao sopé do Ferrabraz eram mais férteis que as das colônias próximas, de modo que os grandes proprietários começaram a dificultar a vida dos colonos para se apossar desses pedaços de terra; havia uma disputa de poder, portanto, de todas as partes, que via a seita mucker como um foco de subversão a ser controlado.
A imagem dos personagens principais da história também tem suas imagens desmontadas. João Jorge Maurer, por exemplo: na versão oficial, seria um curandeiro charlatão a abusar da boa fé das pessoas; na nova versão, seria na realidade um pacifista, cujo único propósito de vida era ajudar pessoas com seus conhecimentos das ervas medicinais da região (conhecimento supostamente adquirido do religioso Ludwig Buchhorn) – e sua saída da seita não teria sido um ato de covardia após sua esposa tê-lo “trocado” por Rodolfo Sehn (aliás: o suposto “segundo marido” de Jacobina Maurer é mesmo Rodolfo Sehn, e não João Klein, conforme Fidélis Barbosa escreveu).
Jacobina Maurer, por sua vez, não seria a santarrona devassa que Schupp descreveu: suposições feitas por Galvão e Rocha permitem afirmar que ela tinha moral mais firme e mais “conservadora” (as regras da seita, sabe-se, proibiam a bebida, o fumo e o comparecimento a festas), e que a suposta troca de casais e os divórcios motivados por Jacobina seriam apenas boatos. Logo, seu suposto segundo casamento com Rodolfo Sehn teria sido um boato de seus opositores. Doente, até poderia ter sido – segundo o médico que a tratava, o Dr. Hillebrandt, o casamento com João Maurer teria sido, antes de tudo, uma solução para suas crises de desmaios e letargias. Mas Jacobina teria sim, de certa maneira, acertado nas três “previsões” do futuro que teria feito.
Nem mesmo a “cidadela” construída pelos mucker seria como foi descrita por Schupp: na verdade, era apenas o galpão onde os fieis de reuniam nos cultos.
O que feria no orgulho dos líderes religiosos da região seria o fato de uma mulher supostamente semianalfabeta fazer livre interpretação da Bíblia e atrair mais gente para a seita do que eles para as suas congregações. Mas nem eram tantas famílias assim que compareciam nos cultos – estima-se que sejam pelo menos 300 pessoas de 40 famílias. E o que feria no orgulho das forças representantes da ordem da região – o Inspetor João Lehn, o Delegado Schreiner e o Subdelegado Spindler – era mesmo a suspeita de a seita ter mesmo um fundo subversivo, uma resposta dos colonos à disputa das terras do Ferrabraz; talvez por isso é que eles fossem chamados de mucker, levando em conta a etimologia explicada acima. Também havia nesses homens uma preocupação de fundo político – eles queriam “mostrar serviço” às autoridades de Porto Alegre, o que poderia garantir-lhes promoções de cargos. Até mesmo a conduta desses homens é questionada – possivelmente, João Lehn fosse mesmo amante da mucker Elizabeth Carolina Mentz, cunhada de Jacobina.
Os crimes supostamente cometidos pelos mucker não podem ser gratuitamente atribuídos a eles. Os mucker poderiam, sim, ter se voltado para a violência como resposta ao tratamento que eles sofriam em seu meio – agressões, boicotes por conta dos mercadores (que estavam negando vender produtos aos membros da seita), prisões (como as de João Maurer, de Jacobina, de Jacó das Mulas e outros membros da seita que tiveram seus nomes registrados), pressão das autoridades policiais. Mas os assassinatos, queimas de casas de colonos (como a da família Kassel) e o atentado contra a vida de João Lehn, atribuídos aos mucker, poderiam ter sido causados, na verdade, por outras pessoas, em rixas pessoais, mas sabedoras de que, com o preconceito girando em torno da seita de Jacobina, a culpa pelos crimes cairia sobre os mucker. Em alguns casos, havia interesses pessoais em jogo na disputa entre “ímpios” e mucker – como no caso do assassinato de Jorge Haubert, filho de criação do mucker Jorge Robinson, o Ruivo, cuja tutela estava sendo disputada entre este e o alfaiate Guilherme Closs. Haubert teria sido assassinado por Robinson por ter traído a seita, mas há suspeita que apenas a culpa teria caído sobre o mucker – Haubert teria sido assassinado por outrem, talvez por Closs, segundo os autores supõem.
Houve, também uma “ajudinha” da imprensa da época, representada pelas folhas partidárias e religiosas em circulação na época, dirigidas ao público de língua alemã, para demonizar os mucker.
O resto vocês já devem saber: devido ao clima de intranquilidade da colônia, as autoridades pedem o auxílio do exército, e os mucker foram aniquilados em três expedições militares. Na primeira, em 20 de julho de 1874, a casa dos Maurer foi destruída, mas Jacobina e seguidores sobreviventes fugiram para a mata, e o líder da expedição, Coronel Genuíno Sampaio, quando já cantava vitória, morreu devido às complicações do ferimento causado por um tiro na nádega (não foi na coxa?), supostamente acidental; a segunda, sob liderança do Tenente-Coronel Augusto César da Silva, no dia 21 de julho, foi emboscada na mata; só a terceira, liderada pelo Major Francisco Santiago Dantas, em 2 de agosto, conseguiu acabar com Jacobina e os mucker ali escondidos – outros teriam sido caçados até o início do século XX. Mas alguns fatos nessa parte também são contestados, como a suposta morte da filha mais nova de Jacobina, Leidard, que teria sido degolada pela mãe para que seu choro não denunciasse o esconderijo dos mucker na mata.
Com isso tudo, a resposta dada por Galvão e Rocha é que os mucker teriam, na verdade, sido mais vítimas do que fanáticos. Vítimas das disputas de poder de sua época, os quais tiveram o azar de acabarem envolvidos; vítimas de autoridades opressivas; vítimas de preconceitos contra uma corrente diferente de religião. Quanto ao fanatismo, ainda existem controvérsias. Não sei dizer, no momento, a quantas anda a historiografia a respeito dos mucker depois de 1996 – até o momento, só consultei obras anteriores aos anos 2000, e alguns artigos mais atualizados referentes ao romance de Assis Brasil. Mas, ao menos, a minha visão sobre os mucker já deu uma guinada.
MUCKER – FANÁTICOS OU VÍTIMAS? tem por vantagem adicional ser um livro de linguagem acessível até para quem não é da área da História, com didatismo, conceitos explicados, comparações de fontes, visando ao público leigo. Galvão e Rocha pensaram em seus leitores. Mas há de se dar algum desconto para o tom depreciativo que eles deram a alguns autores consultados – OK, o livro de Fidélis Barbosa não é uma fonte 100% confiável, mas precisavam se referir a ele, em tom de menosprezo, apenas como um “ex-seminarista capuchinho”? Talvez devessem também investigar a obra dele...
De todo modo, nos dias atuais, não se pode falar a respeito dos mucker sem consultar esse livro. MUCKER – FANÁTICOS OU VÍTIMAS?, já um pequeno clássico da história crítica do Brasil. Aquela que não de dobra ante o “vencedor”; a que tenta dar ao povo menos favorecido o seu lugar. Porém, com o cuidado de não promover uma inversão de valores ou a revolta contra grupos, numa visão maniqueísta reversa, características que alimentam o discurso raivoso e a deturpação de ideias nas redes sociais. Vocês devem ter me entendido.

Esta postagem é uma versão revista e com alterações do texto publicado anteriormente no blog Estúdio Rafelipe (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/). Aproveitem e conheçam.
Se quiseres saber sobre um determinado assunto, não se limite a apenas um livro: consulte vários sobre o tema. E a Biblioteca oferece vários livros aos interessados sobre diversos temas. Em caso de dúvidas, pergunte a uma das bibliotecárias.
Em breve, nova Seção Resenha de Livros aos que acompanham este blog.

Até mais!