sábado, 19 de agosto de 2017

Trem noturno para Lisboa - Pascal Mercier

Em 'Trem noturno para Lisboa', Raimund Gregorius, professor de línguas clássicas em Berna, se levanta no meio da aula, abandona a sala e toma um trem para Lisboa. Em sua bagagem está um exemplar de reflexões filosóficas escrito pelo médico português Amadeu de Prado. Fascinado pelo livro, Gregorius decide investigar o autor. Em sua viagem, encontra pessoas que ficaram marcadas por seu relacionamento com esse homem excepcional, que o conheceram como médico, poeta ou combatente da ditadura.

Fonte: Livraria Cultura

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Família - Barbara Delinsky

Dana Clark sempre ansiou pela estabilidade de um lar e de uma família. Porém, prestes a dar à luz, o que deveria ser o dia mais feliz de sua vida se transformará no dia em que seu mundo desmoronou. Integrantes de uma comunidade conservadora branca de New England, Estados Unidos, Dana e seu marido Hugh tem suas vidas alteradas quando seu bebê nasce negro. O marido, para grande choque e tristeza da mulher, começa a se preocupar e a se inquietar: O que as pessoas pensarão? Que Dana teve um caso extraconjugal? O que dizer aos pais após tê-los enfrentado para casar com Dana? Enquanto a protagonista procura por seu pai desaparecido e tenta descobrir suas verdadeiras origens, Hugh tem que enfrentar seus ideais, até então não racistas, para conseguir conviver e amar a filha.

Comecei a leitura deste livro por volta de 21h30min do domingo e conclui na madrugada de segunda-feira. A sinopse me deixou muito curiosa para descobrir o que guardava estas páginas, e apesar de um ou outro momento cansativo, vale mesmo à pena ler “Família”.

Dana tem um casamento maravilhoso com Hugh, não vê a hora que sua pequena filha venha ao mundo para finalmente ter a família que sempre sonhou, o que ela não esperava era que seu bebê nascesse de uma cor diferente da dela e de seu marido. A partir desse ponto o livro é recheado de suspeitas.

Hugh é de uma família branca e importante, ter uma filha negra fará com que ele cometa muitos erros em relação a Dana e sua doce e inocente filha.

Barbara Delinsky é o tipo de autora que descreve bem os sentimentos de seus personagens, temos completo acesso as emoções de Hugh. Percebemos como tudo isso está sendo difícil para ele, tudo que ele deseja é ficar com sua mulher e filha, ao mesmo tempo, não consegue deixar de pensar sobre o que as outras pessoas irão falar.

Dana é uma mulher forte, apesar de entender as atitudes de seu marido não consegue aceitar ou perdoar, durante quase todo o livro não tinha certeza se o casamento deles seria forte o suficiente para passar por tudo isso.

No decorrer da história muitas dúvidas são esclarecidas e percebemos que nem tudo que parece verdade, necessariamente é.

Esse é um livro que fala do peso do preconceito, das tantas dificuldades que as minorias vivem diariamente, principalmente em países de tradição “branca”. Em alguns momentos fiquei pensando se a autora não estava exagerando na importância da cor da pele de uma pessoa, mas quando parei para pensar de verdade sobre isso, vi que ela foi totalmente precisa.

Família é um livro que merece ser lido, entendido e dividido com outras pessoas. Quem sabe assim o mundo vire um lugar um pouco melhor.

Resenha do blog:  As meninas que lêem livros

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

30 anos sem Drummond


O poeta Carlos Drummond de Andrade aprofundou as propostas iniciais do modernismo ao abordar temas contemporâneos com sensibilidade, inteligência e humor


Carlos Drummond de Andrade nasceu na pequena cidade de Itabira do Mato Dentro (MG), em 31 de outubro de 1902. Era o nono filho do fazendeiro Carlos de Paula Andrade e de sua mulher, Julieta Augusta Drummond de Andrade. Em 1910, iniciou o curso primário em Belo Horizonte, onde conheceu Gustavo Capanema e Afonso Arinos de Melo Franco.

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A partir de 1918, tornou-se aluno interno do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), onde recebeu prêmios em concursos literários. No ano seguinte, foi expulso da escola, sob a justificativa de “insubordinação mental”. Mudou-se com a família em 1920 para Belo Horizonte, onde publicou seus primeiros trabalhos no Diário de Minas. Conheceu Milton Campos, Abgar Renault, Aníbal Machado, Pedro Nava e outros intelectuais.

Em 1924, enviou carta a Manuel Bandeira, manifestando-lhe admiração. No mesmo ano, conheceu Blaise Cendrars, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade, que visitavam Belo Horizonte. Sua correspondência com Mário de Andrade, iniciada logo depois, duraria até o fim da vida do escritor paulista.

Casou-se, em 1925, com Dolores Dutra de Morais, no mesmo ano em que se formou em farmácia. Fizera o curso por insistência da família, mas nunca exerceu a profissão, dizendo querer “preservar a saúde dos outros”. Fundou, com Emílio Moura e Gregoriano Canedo, A Revista, órgão modernista do qual foram publicados três números. Apesar da vida breve, esse foi um importante veículo de afirmação do modernismo em Minas Gerais.

Tornou-se redator-chefe do Diário de Minas. Em 1928, nasceu Maria Julieta, sua filha e grande companheira ao longo da vida. No mesmo ano saiu na Revista de Antropofagia de São Paulo seu poema “No Meio do Caminho”, que provocou escândalo e controvérsias pelas inovações modernistas que trazia na temática e na forma. Drummond lançou seu primeiro livro, Alguma Poesia, em 1930, em edição de 500 exemplares paga pelo autor.

Em 1934, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, para trabalhar como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, novo ministro da Educação. No decorrer dos anos, colaborou com diversos jornais cariocas. Deixou a chefia de gabinete de Capanema em 1945 e passou a figurar como um dos editores de Imprensa Popular, diário lançado pelo Partido Comunista Brasileiro. Alguns meses depois, porém, se afastou do jornal por discordâncias políticas.

Chamado por Rodrigo M. F. de Andrade, passou a trabalhar na Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), onde mais tarde se tornaria chefe da Seção de História, na Divisão de Estudos e Tombamento. Aposentou-se em 1962, como chefe de Seção da DPHAN, após 35 anos de serviço público.

POETA PÚBLICO
Aclamado por muitos críticos como o maior poeta brasileiro, Drummond renovou e aprofundou as propostas iniciais do modernismo. Aliou extrema sensibilidade, inteligência e humor, em composições caracterizadas quase sempre pelo verso livre e pelo uso de linguagem coloquial. Em suas criações, a indignação com as desigualdades sociais convive com o profundo lirismo, o senso de humor e a emoção contida.

Sua poesia, ao retratar as aspirações e angústias cotidianas, parece falar ao coração de cada leitor. Não é à toa que inúmeros versos do poeta se tornaram praticamente ditados populares, como o famoso “E agora, José?”.

A universalidade e a profundidade de sua obra levaram o crítico Otto Maria Carpeaux a considerá-lo o “poeta público” do Brasil. Com obras traduzidas para mais de uma dezena de idiomas, Drummond foi também tradutor, vertendo para o português clássicos de autores como Federico García Lorca (Dona Rosita, a Solteira), Choderlos de Laclos (As Relações Perigosas), Honoré de Balzac (Os Camponeses) e Marcel Proust (A Fugitiva).

Além de poeta, foi excelente prosador. Escreveu crônicas para o Correio da Manhã, entre 1954 e 1969, e para o Jornal do Brasil, entre 1969 e 1984. Em 1975 recebeu o Prêmio Nacional Walmap de Literatura e recusou, por motivo de consciência, o Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal. Em 1983 recusou o Troféu Juca Pato.

Sofreu um infarto em 1986, que o deixou internado durante 12 dias. A escola de samba Estação Primeira de Mangueira homenageou Drummond com o samba-enredo No Reino das Palavras, vencedor do Carnaval carioca de 1987.

No dia 5 de agosto de 1987, depois de dois meses de internação, morreu sua filha Maria Julieta, vítima de câncer. O estado de saúde do poeta piorou, e Drummond morreu menos de duas semanas depois, em 17 de agosto, de problemas cardíacos. Vários livros foram publicados postumamente, como O Amor Natural (1992), de poemas eróticos, e Farewell (1996), ganhador do Prêmio Jabuti.

As principais obras do poeta

POESIA
Alguma Poesia (1930); Brejo das Almas (1934); Sentimento do Mundo (1940); José (1942); A Rosa do Povo (1945); Novos Poemas (1948); Claro Enigma (1951); Fazendeiro do Ar (1954); Viola de Bolso (1955); A Vida Passada a Limpo (1959); Antologia Poética (1962); Lição de Coisas (1964); Versiprosa (1967); 4 Poemas (1967); Boitempo & A Falta que Ama (1968); Reunião (1969); As Impurezas do Branco (1973); Menino Antigo (Boitempo II) (1973); Esquecer para Lembrar (Boitempo III) (1979); Nova Reunião (1983); Corpo (1984); Amar Se Aprende Amando (1985); O Amor Natural (1992); A Vida Passada a Limpo (1994); Farewell (1996).

CRÔNICAS
Fala, Amendoeira (1957); A Bolsa & a Vida (1962); Cadeira de Balanço (1966); Caminhos de João Brandão (1970); O Poder Ultrajovem (1972); De Notícias & Não Notícias Faz-se a Crônica (1974); Os Dias Lindos (1977); Boca de Luar (1984); Moça Deitada na Grama (1987); Auto-Retrato e Outras Crônicas (1989); Vó Caiu na Piscina (1996); Quando É Dia de Futebol (2002).

CONTOS
Contos de Aprendiz (1951); Contos Plausíveis (1981); O Pipoqueiro da Esquina (1981); História de Dois Amores (1985).

ENSAIOS
Confissões de Minas (1944); Passeios na Ilha (1952); A Lição do Amigo (1982); Em Certa Casa da Rua Barão de Jaguaribe (1984); O Observador no Escritório (1985); O Avesso das Coisas (1987).

Fonte texto e foto: Guia do Estudante

Combateremos a sombra - Lidia Jorge

Retrato de um Portugal tão invisível quanto atual, Combateremos a sombra conta a história de Osvaldo Campos, um psicanalista que, numa noite de inverno, é visitado por um antigo paciente que lhe traz uma mensagem, cujo sentido nunca conseguirá decifrar. Nessa mesma noite, ele perde uma mulher e ganha outra. E, à sua volta, o real começa a se entrelaçar, à semelhança das histórias que lhe são narradas no silêncio do consultório, enquanto uma de suas pacientes, Maria London, tem em seu poder a chave da revelação de uma realidade clandestina de dimensões incalculáveis.

Lídia Jorge, uma das maiores escritoras portuguesas de todos os tempos nos coloca perante um livro inquietante e pleno de mistério, que explora os meandros da alma humana e avisa sobre o destino dos homens.

Fonte: www.saraiva.com.br

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Bruxa da Noite - Nora Roberts


“Quando se trata de romance, ninguém é melhor do que Nora.” – Booklist. De uma das autoras mais queridas do mundo chega uma trilogia sobre a terra a que nos conectamos, a família que guardamos no coração e as pessoas que desejamos amar... Com pais indiferentes, Iona Sheehan cresceu ansiando por carinho e aceitação. Com a avó materna, descobriu onde encontrar as duas coisas: numa terra de florestas exuberantes, lagos deslumbrantes e lendas centenárias – a Irlanda. Mais precisamente no Condado de Mayo, onde o sangue e a magia de seus ancestrais atravessam gerações – e onde seu destino a espera. Iona chega à Irlanda sem nada além das orientações da avó, um otimismo sem fim e um talento inato para lidar com cavalos. Perto do encantador castelo onde ficará hospedada por uma semana, encontra a casa de seus primos Branna e Connor O’Dwyer, que a recebem de braços abertos em sua vida e em seu lar. Quando arruma emprego nos estábulos locais, Iona conhece o dono do lugar, Boyle McGrath. Uma mistura de caubói, pirata e cavaleiro tribal, ele reúne três de suas maiores fantasias num único pacote. Iona logo percebe que ali pode construir seu lar e ter a vida que sempre quis, mesmo que isso implique se apaixonar perdidamente pelo chefe. Mas as coisas não são tão perfeitas quanto parecem. Um antigo demônio que há muitos séculos ronda a família de Iona precisa ser derrotado. Agora parentes e amigos vão brigar uns com os outros – e uns pelos outros – para manter viva a chama da esperança e do amor.

Fonte: www.saraiva.com.br

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Clube da Leitura - AGOSTO 2017

C L U B E   D E    L E I T U R A  para este AGOSTO, um convite imperdível, a leitura do livro O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO, do escritor J. D. SALINGER.

Dois dias antes das férias de Natal, um jovem de 16 anos, foge de um colégio interno e vaga por estradas de ferro até chegar a Nova York. O protagonista e anti-herói do romance, Holden Caulfield, se tornou um ícone da rebelião adolescente do pós-guerra à procura de uma identidade.

O livro foi incluído na lista dos 100 melhores romances da língua inglesa, escritos desde 1923, da Times em 2005, e foi nomeado pela Modern Library e seus leitores como um dos 100 melhores livros da língua inglesa do século 20.

J. D. Salinger morreu em 2010, com 91 anos de idade. Após o sucesso desta obra, o autor passou a viver recluso nas montanhas do Estado de New Hampshire (USA). No início dos anos 60 parou de publicar.

O Encontro acontecerá na última quarta-feira de Agosto, dia 30/08, às 16 horas e 30 minutos na Biblioteca Pública Municipal de Vacaria (ao lado da Catedral).

OBS: para os que NÃO puderem estar na quarta-feira, dia 30/08, haverá encontro de grupo no dia 21/08, segunda-feira, às 14 horas, na Biblioteca Pública Municipal, sobre o mesmo livro.

domingo, 13 de agosto de 2017

Resenha do livro "Apanhador no Campo de Centeio"

Para onde vão os patos do lago no Central Park quando o inverno chega? É com esse tipo de metáfora que Salinger levanta questionamentos sobre a vida no clássico americano The Catcher In The Rye (O Apanhador no Campo de Centeio).
“Mas o gozado é que, enquanto ia metendo a conversa mole, eu estava pensando no laguinho do Central Park, aquele que fica lá pro lado sul. Imaginava se ele estaria congelado quando eu voltasse para casa e, se estivesse, para onde teriam ido os patos. Estava pensando para onde iam os patos quando o lago ficava todo gelado, se alguém ia lá com um caminhão e os levava para um jardim zoológico ou coisa que o valha, ou se eles simplesmente iam embora voando.”
A narrativa é bastante simples, em primeira pessoa com pouca diversidade de técnicas narrativas – o que não tira a qualidade de ser uma grande obra -. Grandes livros tendem a nos induzir a um questionamento interno, nos deixar com ressacas literárias após terminarmos de lê-los e nos causar nostalgia ao lembrar de certos personagens ou passagens. O Apanhador no Campo de Centeio é revolucionário para a época, simboliza a quebra de tabus do puritanismo americano, tratando de temas como sexo, sexualidade, preconceito, prostituição, violência, religião, estereótipos… Enfim, toda uma gama de assuntos considerados sensíveis – até hoje-.
“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lengalenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso.”
A narrativa acontece em 1949, durante três dias da vida do protagonista Holden Caulfield, um jovem novaiorquino de 16 anos e de família bem abastada, que resolve contar uma história que aconteceu com ele, mais especificamente quando  fora expulso de mais um internato, o Colégio Pencey. Holden é o típico caso do adolescente depressivo: reprova matérias na escola, é irresponsável e adora uma boa farra; tem problemas de identificação com o mundo e se considera um outsider, tudo para ele é niilista e hipócrita; a humanidade é podre, nauseabunda e corrompida. Ele finge que não liga, mas, na realidade, se importa mais com os outros do que admite. Eis que uma noite, após receber oficialmente a expulsão e brigar com um colega de dormitório, Holden decide voltar para Nova Iorque e passar alguns dias fora, pretendendo chegar em casa apenas no dia de natal. Nesse ínterim, ele conhecerá dos mais diversos tipos de pessoa, das mais desprezíveis às que lhe despertam admiração e respeito.
 “Era de vomitar. Entraram em órbita, igualzinho aos imbecis que riem como umas hienas, no cinema, das coisas sem graça. Juro por Deus que, se eu fosse um pianista, ou um autor, ou coisa que o valha, e todos aqueles bobalhões me achassem fabuloso, ia ter raiva de viver. Não ia querer nem que me aplaudissem. As pessoas sempre batem palmas pelas coisas erradas. Se eu fosse pianista, ia tocar dentro de um armário.”
– Tocar piano em um armário, genial…-
O Apanhador no Campo de Centeio é um livro de linguagem fácil, porém com uma temática muito mais complexa do que uma primeira leitura possa revelar: qual o sentido da vida? Por que as pessoas são tão egoístas? Por que seguir em frente? E é assim que um bom livro deve ser, cheio de questionamentos, metáforas e múltiplas interpretações.  É  altamente recomendável não só para adolescentes até os 20 anos de idade – que provavelmente irão se identificar mais em alguns pontos com o protagonista – mas para todos aqueles que gostam de uma boa narrativa. No final, o livro não é só o zeitgeist dos EUA pós segunda guerra, mas um grande monólogo sobre o Humano. Um detalhe interessante é que Holden não é dos narradores mais confiáveis, pois, como ele mesmo confessa, é um mentiroso compulsivo, que mente até mesmo sem um motivo aparente, simplesmente por diversão – o que deixa dúvidas: até onde o que ele nos conta é verdade?
Fonte: http://becoliterario.com