sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Seção Resenha de Livros: NOTAS CURIOSAS DA ESPÉCIE HUMANA

Olá.
Aqui é o Rafael novamente.
Hoje, em mais uma colaboração para o blog da Biblioteca Pública, novamente, trago uma resenha de livro. Mais um livro diferente dos que tenho resenhado aqui desde que comecei estas colaborações.
Desta vez, vou trazer a vocês um interessante título de curiosidades, bem aos moldes do já clássico Guia dos Curiosos, de Marcelo Duarte. Mas não é Guia dos Curiosos. É NOTAS CURIOSAS DA ESPÉCIE HUMANA.
Publicado pela editora AGE, de Porto Alegre, em 1997, NOTAS CURIOSAS DA ESPÉCIE HUMANA – HISTÓRIAS QUE A HISTÓRIA NÂO CONTA foi escrito pelo jornalista gaúcho Jayme Copstein.
Nascido em Rio Grande, Copstein, até hoje, acumula uma grande carreira como jornalista, trabalhando no rádio e nas publicações impressas. Em 1997, ele apresentava o programa Varig e Rádio Gaúcha: 70 Anos de Boa Companhia, em comemoração aos aniversários da tradicional estação de rádio do Rio Grande do Sul e da extinta companhia aérea, ambas fundadas em 1927. No mesmo ano, o programa virou livro, e do projeto, que tinha por mérito trazer também curiosidades sobre a história brasileira e mundial, relacionadas à da Rádio Gaúcha e à da Varig, originou-se este NOTAS CURIOSAS DA ESPÉCIE HUMANA.
Trata-se de um pequeno compêndio de curiosidades sobre a história, a geografia, a natureza, a cultura e as celebridades. Foram escritos na forma de textos breves, de meia página, especialmente para serem lidos, cada uma, em um minuto. Porque esse é o tempo médio para se ler uma curiosidade dessas no rádio. São cerca de 200 curiosidades, duas em cada página, mas nenhuma ilustração.
Bão. O grande problema desses livros de curiosidades, quando trazem histórias sobre a cultura, muitas vezes apresentam informações contraditórias com relação a uma obra similar que tenhamos lido anteriormente, principalmente quando são coisas que a gente não sabia antes, nem tem como confrontar em outra obra para saber se é verdade ou não. Eu mesmo, como pesquisador formado em História, sei como é duro você saber uma coisa, e de repente encontrar em outra obra (ou site da internet) uma versão totalmente diferente da que você sabia. Se a intenção era desmontar as verdades tidas como absolutas, pelo menos nos dê um indicativo de que essa informação nova é a mais confiável. Tudo bem que hoje temos a internet para esclarecer dúvidas, mas às vezes é a mesma coisa. Vocês devem entender.
E o grande problema deste NOTAS CURIOSAS é que já se passaram mais de dez anos de sua publicação, e hoje é um livro datado. Porém, algumas informações nele contidas ainda valem. Como já devo ter dito uma vez, nenhum livro, por mais antigo e datado que seja, é inútil: sempre podemos dar alguma utilidade para o que nele contém.
Bom. NOTAS CURIOSAS traz muitas curiosidades, algumas coisas todo mundo já sabe, outras aposto que você não conhece.
Há, por exemplo, perfis e curiosidades sobre algumas celebridades, como a dançarina americana Isadora Duncan, os aviadores Charles Lindbergh e Amelia Earhart, ambos americanos, o escritor inglês Charles Dickens, o cientista brasileiro César Lattes (que, por pouco, não ganhou o prêmio Nobel) e o tenor italiano Enrico Caruso. Traz notas sobre alguns mistérios da humanidade, como a duna de Silbury Hill, no Reino Unido, as estátuas da Ilha da Páscoa e sobre o navio Marie Celeste, que foi encontrado à deriva em 1874 sem nenhum passageiro à bordo. Traz alguns mitos, como as especulações sobre a identidade da Mona Lisa de Da Vinci e sobre as imagens de Tiradentes. Retrata episódios da vida de Charles Chaplin, dos azarados Hermes da Fonseca, presidente brasileiro, e do jurista Rui Barbosa, outro azarado que nunca chegou a ser presidente da República. E também os relatos de alguma construções, como a Torre Eiffel, o Cristo Redentor e da Ferrovia Madeira-Mamoré.
Outros perfis também são interessantes, como o de Manuela Ferreira, a noiva de Garibaldi, o de Carlota Joaquina, mulher de D. João VI, e o do autor do Dom Quixote, Miguel de Cervantes. Mas também retrata casos de ignorância humana, como os regimes totalitários, como o nazismo e o comunismo, que perseguiram a obra de Albert Einstein, o julgamento injusto dos trabalhadores americanos Sacco e Vanzetti e guerras estúpidas, como a que foi causada entre duas cidades por causa de um balde e entre dois países por causa de uma partida de futebol. E casos de fraudes históricas, como as teorias lançadas por espertalhões para anunciar o Fim do Mundo, os falsos fósseis do Gigante de Cardiff e do Homem de Piltdown, e também algumas dicas de como reconhecer um legítimo tapete persa dentre os falsificados.
Também casos em que o acaso ajudou, como na descoberta das vitaminas ou do raio X, ambos ajudando a salvar vidas (e os primeiros recursos para evitar os usos “escusos” do raio X); casos de esperteza, como o recurso de um desenhista brasileiro para conseguir um aumento no jornal, ou de uma francesa para disfarçar um caso que tinha com D. Pedro I. E também perfis zoológicos, como o do avestruz, do beija-flor e dos cães pastor-alemão. Falando em cães, também tem a história de Bruto, um cachorro que teve grande importância na Guerra do Paraguai, voltou como herói mas morreu como um vira-lata de rua.
Algumas curiosidades relatadas por Copstein muita gente já ouviu falar, como por exemplo de como o Mickey Mouse foi criado, na peça que o cineasta Orson Welles pregou em muita gente via rádio e dos motivos do assassinato de João Pessoa, estopim da revolução de 1930. E também das vantagens da reciclagem de lixo. E um perfil do Framboesa de Ouro, a sátira ao Oscar que premia os piores filmes do ano. E histórias que certamente pouquíssimas pessoas conhecem, como a de Sóror Joana Angélica, abadessa que se sacrificou para salvar um convento durante as Guerras de Independência do Brasil.
Também há espaço, no livro, para previsões furadas sobre o futuro – coisas que ainda não aconteceram ainda ou que não aconteceram no ano previsto por Copstein. Por exemplo, os órgãos artificiais em 2010, uma colônia lunar em 2005, a substituição do algodão pelo rami (uma fibra vegetal) na fabricação de tecidos e os sapatos com microcomputadores embutidos. E também algumas observações sobre ETs, exploração do espaço e a natureza do homem.
Bão. Para conferir o que Copstein – que, até onde eu sei, ainda está em atividade – trouxe para os leitores neste NOTAS CURIOSAS, só procurando nos sebos ou bibliotecas (há um exemplar disponível na Biblioteca Pública Theobaldo Paim Borges), pois esta obra está esgotada e não ganhou edição atualizada. As que eu relacionei aqui são só a ponta do iceberg. Oh: o livro tem texto introdutório do também jornalista Ruy Carlos Ostermann.
Para quem gosta de curiosidades, vale a pena dar uma lida.
Ah: o website do autor ainda se encontra ativo (www.jaymecopstein.com.br/). Conheçam suas ideias mais recentes sobre atualidades.
É isso aí.

Esta resenha é uma versão revista e modificada do texto publicado originalmente no blog Estúdio Rafelipe (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/). Aproveitem e conheçam.
Em breve, uma nova resenha de livro para os leitores do blog.

Até mais!

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