Olá.
Aqui é o Rafael novamente.
Enquanto escrevo, ainda é o Dia Internacional da Mulher - e, como forma de homenagem, só tenho para deixar, aqui, três ilustrações antigas e alusivas à data. Para serem usadas como cartão de felicitações.
Quem acessar o blog Estúdio Rafelipe hoje (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/) terá uma surpresa especial... Confiram!
Até mais!
quarta-feira, 8 de março de 2017
domingo, 19 de fevereiro de 2017
Seção Resenha de Livros: O FILHO DO BABY DOLL
Olá.
Aqui
é o Rafael novamente, em nova colaboração para o blog da Biblioteca Pública!
Hoje,
volto a falar da obra de Fidélis Dalcin Barbosa, escritor e ex-padre. Hoje
volto ao resgate de sua obra. Hoje, volto a falar de mais um de seus livros de
contos, de pequenas histórias que evocam um passado bucólico e mais acolhedor
do Rio Grande do Sul.
Hoje,
vou falar de O FILHO DO BABY DOLL.
O
FILHO DO BABY DOLL foi publicado pela primeira vez em 1992, pela Tipografia e
Editora La Salle, de Canoas, RS – as indicações da editora constam na última
página; pela falta de ficha catalográfica nas páginas iniciais da obra, é
possível crer que o livro foi lançado de forma independente, à custa do próprio
autor. A ilustração de capa é de Elita Facchini.
O
livro reúne 20 contos do autor, sendo alguns já publicados anteriormente, em
outros livros. Desse conjunto, 10 contos seriam republicados na nova edição de O Primeiro Beijo, lançada no ano
seguinte – se eles, claro, não haviam aparecido na edição de 1961. Aliás, na
orelha do livro, consta a informação: dos 20 contos, uns são inéditos, outros
reproduzidos de livros esgotados – mas sem passar por atualização ou revisão.
Bem.
Quando resenhei O Primeiro Beijo, falei
desses 10 primeiros contos: O Filho do Baby
Doll, Respeito, O Pequeno Marginal, A Normalista, O Pinheiro, Tesouro Escondido
no Campo, O Nhandu, O Negrinho do Pastoreio, O Ébrio e Arlete. A estes, no presente livro, se juntam os contos Perseguido de Mulheres, O Hoteleiro,
Pescador de Coruja, Pescaria a Dinamite, Lagoa Vermelha – 110 Anos, Quinzote,
Os Guadagnin, O Combate da Encruzilhada, Granjeiro Modelo e Granja Três Pinheiros.
O
FILHO DO BABY DOLL, embora não deixe de lado o moralismo e a religiosidade
comuns à obra do autor, desta vez investe mais em resgatar histórias mais
cotidianas, de conhecidos seus ou de gente que fez a diferença em suas regiões.
Várias das histórias tem caráter humorístico e evocativo do passado do interior
do Rio Grande do Sul – prevalece, nesta obra, o Frei Fidélis contador de causos.
Boa parte das histórias se passa na cidade de Lagoa Vermelha, RS, e região –
cidade onde Frei Fidélis fixou residência na maior parte de sua carreira.
Bem.
Vamos ver – e rever – os contos que compõem esse livro.
Abrindo
com O Filho do Baby Doll, que dá
título ao livro. O conto procura ser um tratado sobre o relacionamento ideal
entre marido e esposa, através da história de uma mulher, esposa de um prefeito
que, a conselho de um psicólogo, reencontra o entendimento com o marido
reinvestindo no cuidado com a aparência pessoal.
Respeito foi
extraído do folclore paranaense. A história de um cachorro “de unha perdida”
que, em vida, operava incríveis façanhas junto a sua família; e, depois de ter
um fim trágico, começou a operar milagres, como um santo. Como? Leiam para
saber!
O Pequeno Marginal conta,
em primeira pessoa, a história do filho de uma prostituta, nascido em Lagoa
Vermelha, que vive uma vida marginal, vivenciando até sentimentos de vingança –
ele tenta, várias vezes, matar um homem que lhe fizera mal – até ser recolhido
à Casa do Menor Abandonado daquela cidade e, sob os cuidados do professor
Idílio Biavatti (ex-aluno de Fidélis Barbosa), acaba descobrindo o caminho da
redenção, do perdão, da vida honrada e do futuro melhor.
A Normalista é
outra história com a presença e intervenção do Prof. Biavatti. É narrada a
história de como o professor conseguiu salvar uma aluna do Colégio Rainha da
Paz, de Lagoa Vermelha, que havia sido desgraçada por um rapaz, da
prostituição, e ainda conseguiu reconciliá-la com o tal rapaz, formando uma
família e garantindo a ela um futuro honrado.
O Pinheiro conta
a história de uma enorme araucária que enfeitava a beira da BR-285, em Lagoa
Vermelha, atraindo a admiração dos passantes – incluindo o autor – até ser
criminosamente derrubado. Mas a finalidade da derrubada, que no fim foi útil,
impede que o narrador da história reclame com o culpado.
Tesouro Escondido no Campo narra
a história de um jovem pobre, empregado de uma serraria do município de Barracão,
RS, que, guiado por sonhos, decide comprar um lote de terra, buscando encontrar
nele um tesouro escondido; mas acaba encontrando mais do que a princípio
esperava – e ao custo de um trabalho árduo e honesto.
O Nhandu é
uma história humorística. O garoto Valentim – Valentim Rodegheri, o conhecido Frei
Brás de Lagoa Vermelha – vivencia uma cômica experiência durante uma caçada
pelos campos, decidido a pegar uma ema, a avestruz latino-americana. Porém, sem
resultados positivos... Ao mesmo tempo, o leitor, além de se divertir com essa
caçada, também aprende a respeito da ema.
O Negrinho do Pastoreio é a
recriação de Fidélis Barbosa de uma das lendas tradicionais do Rio Grande do
Sul. Porém, há uma terrível constatação: o conto, na verdade, é uma versão resumida
e até copiada de conto do pelotense Simões Lopes Neto! Comparem o conto deste
livro com a versão da história presente no livro Lendas do Sul...
O Ébrio trata
dos males causados pelo alcoolismo. Um homem acaba levando a família à desgraça
por conta do vício nas bebidas alcoólicas, até que, em um último ato
desesperado, a esposa o recomenda para trabalhar em um colégio de freiras. Mas
até ali, ele acaba driblando a abstinência, até que um milagre o faz, afinal,
se curar.
Perseguido de Mulheres trata
de um episódio da vida de um amigo de Fidélis Barbosa, Bélio Fiori, de Vila
Flores, RS, quando este foi a Urucânia, MG, pedir a bênção a um padre – e, ali,
é seguido quase que obsessivamente por uma moça local.
O Hoteleiro é um
resumo da história de Daniel Bertelli, que foi tema de um livro anterior de
Frei Fidélis (Daniel Bertelli, Hoteleiro,
Porto Alegre: EST, 1987). O católico e fervoroso Bertelli iniciou suas
atividades de hoteleiro em Lagoa Vermelha, mudando-se posteriormente para o
Paraná; lá, na cidade onde se instalou, o hoteleiro move mundos e fundos para
construir uma igreja, e para conseguir um pároco para a mesma – até que
consegue convencer um ex-padre a voltar ao sacerdócio.
Arlete conta
um episódio da vida do Padre Paulo – alter-ego de Fidélis Barbosa – que
estrelara uma série de contos em O
Primeiro Beijo. A caminho de Portugal, onde ficaria alguns anos, o Padre
passa uns dias no Rio de Janeiro, e a empregada de uma livraria acaba se
apaixonando por ele. Apesar de esse amor não poder ser levado adiante, a moça e
o padre continuam a se corresponder à distância, até que, um dia, subitamente,
Arlete não dá mais notícias. O que acontecera?
Pescador de Coruja trata
das façanhas de Daniel Barreto, também de Lagoa Vermelha, exímio atirador e que
conseguira, inclusive, pescar uma coruja! Causo de pescaria? Frei Fidélis
garante que é verdade...
Por
falar em pescaria, o conto seguinte, Pescaria
a Dinamite, também trata de uma aventura de pesca inacreditável, também
vivenciada por conhecidos de Frei Fidélis. Tal aventura se dá por conta de uma
controversa técnica de pesca praticada por um dos personagens – mas que, no
fim, o faz perder o cachorro.
Lagoa Vermelha – 110 Anos é a
reprodução de um discurso do vereador José Antônio de Andrade, ex-aluno de Frei
Fidélis, proferido na ocasião do aniversário de 110 anos do município,
comemorados em 1991 – se não estou enganado.
Falando
em Lagoa Vermelha, Quinzote resgata a
história de valentia e tragédia de um dos fundadores do município, Joaquim
Antônio Fernandes.
Os Guadagnin também
evoca o município de Lagoa Vermelha, que já foi – e continua sendo – um
importante polo de fabricantes de móveis. Que o diga a família Guadagnin,
fundadora da Móveis Rodial, ainda em funcionamento. A crônica se concentra,
principalmente, na história de um dos membros da família, Antônio, e de como
ele conseguiu driblar uma morte trágica, na primeira metade do século XX.
O Combate da Encruzilhada também
se passa na região de Lagoa Vermelha. É a tentativa de resgatar um episódio
sangrento da Revolução de 1923, conflito ocasionado por conta da tentativa do
governador Borges de Medeiros em se perpetuar no poder.
Granjeiro Modelo foi
publicada originalmente no jornal Correio
do Povo, de Porto Alegre, em 1964 (isso está informado no fim da crônica),
e resgata tanto a história como um depoimento do empreendedor Raul Feijó, e seu
modelo de gerenciamento dos empregados de sua granja. Lembra o romance Prisioneiros do Campo.
E,
por fim, Granja Três Pinheiros resgata
a história da empresa que já foi a maior produtora e comercializadora de
cereais da região de Lagoa Vermelha – bem como a de seus proprietários, o
português Adriano Botelho Machado e sua esposa, Alzira Bonotto. O conto resgata
a história do esforçado Adriano, que enxerga valor no aproveitamento total dos
pinheiros – incluindo suas partes “inúteis” – e como ele conheceu a esposa.
Inclui uma foto – a única ilustração do miolo do livro.
Só
quem conhece Lagoa Vermelha notará algo familiar nas crônicas de O FILHO DO
BABY DOLL. Os outros encontrarão nas páginas deste livro o resgate de uma época
que já foi, mais ensolarada, e infelizmente, superada – ficaram os sentimentos
negativos. Seria o símbolo de um lado “positivo” da época do Regime Militar?
Que fique claro que, ao contrário do que propagam por aí, o período 1964 – 1985
não foi homogêneo: houve gente que conseguiu viver de forma diferente do
“modelo econômico”, das guerras entre “direita” e “esquerda” e da censura. A
prova disso é que estamos aqui, descendentes de quem viveu naquela época.
De
todo modo, fica a recomendação: O FILHO DO BABY DOLL, para quem quer tentar
conhecer como se vivia no século XX.
Esta
resenha é uma versão revisada e com alterações do texto publicado anteriormente
no blog Estúdio Rafelipe (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/).
Aproveitem e conheçam.
Visitem
a Biblioteca Pública Municipal Theobaldo Paim Borges, e conheçam o que temos
disponível da obra de Fidélis Dalcin Barbosa!
Até
a próxima resenha!
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
Seção Resenha de Livros: O PRIMEIRO BEIJO
Olá.
Aqui
é o Rafael novamente, retornando com suas colaborações para o blog da
Biblioteca Pública.
Hoje,
vou falar mais uma vez de livro.
Hoje,
voltarei a falar sobre o escritor gaúcho Fidélis Dalcin Barbosa, o qual me
dispus a resgatar sua obra, na medida do possível.
Hoje,
trago aos leitores um de seus primeiros livros publicados. Escolhi, para hoje,
um de seus primeiros livros de contos.
Hoje,
então, vou falar de O PRIMEIRO BEIJO.
O
PRIMEIRO BEIJO foi publicado pela primeira vez em 1961, pela editora Lar
Católico, de Juiz de Fora, MG, e foi o terceiro livro que ele lançou – no mesmo
ano, ele já havia lançado o também livro de contos Semblantes de Pioneiros e o romance infanto-juvenil O Prisioneiro da Montanha. A edição
acima de O PRIMEIRO BEIJO, com capa minimalista de Elita Facchini, foi lançada
pela editora EST (Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes), de
Porto Alegre, RS, em 1993, portanto, trata-se de uma edição atualizada, com
acréscimos. Mesmo assim, será a base de nossa postagem.
O
presente livro é uma reunião de 24 contos, distribuídos em 160 páginas (sem
contar capa), que revelam, além de um escritor em início de carreira, o
pensamento de um então padre, guiado pelo moralismo conservador de sua época.
Por isso, vários dos contos do livro apresentam por características:
1 –
Sua visão de religião cristã, no sentido da promoção da caridade, da conversão
para o bem e o combate às tentações malignas, por vezes usando como exemplo
vidas de santos e de beatos, e usando, à larga, citações da Bíblia;
2 –
Sua visão de família, que, para ele, ideal que seja a nuclear, formada por
marido, esposa e filhos, vivendo uma vida baseada no respeito mútuo e às
instituições, na educação adequada das crianças e na indissolubilidade do casamento
(nenhuma referência à homossexualidade, a mínima que seja);
3 –
Sua visão da modernidade, que por vezes se opõe aos avanços de sua época, como
o controle de natalidade – o que, naturalmente, acaba fazendo Fidélis Barbosa
ser classificado como um contista “carola” e “conservador”, “fora de moda”,
etc.;
4 –
Por consequência, sua visão de bem e de mal, que praticamente não bate com o
pensamento dos dias de hoje, em alguns aspectos. Em outros, ainda entra em
concordância, como, por exemplo, ao apresentar personagens corrompidos pelo
alcoolismo, prostituição e marginalidade, que, no fim, conseguem encontrar a
redenção.
O
PRIMEIRO BEIJO representa, nesse ínterim, uma visão de vida cristã a qual,
infelizmente, muitos de nós, hoje em dia, não concordamos mais. A disseminação
de ideologias políticas de esquerda, de novos ideais a respeito do amor e da
sexualidade, da família e da religião, e a entrega da sociedade ao alcoolismo,
às drogas – muitas vezes “promovidas” positivamente pela mídia – e à violência
transformaram o mundo e nosso estilo de viver. Para melhor ou para pior?
Depende de como vocês veem o mundo – tem quem interprete o respeito às
instituições e a promoção das virtudes cristãs como “fascismo”. Eu prefiro não
tirar conclusões agora. Fidélis Barbosa já tirara as suas.
Bem.
Não tenho como dizer, no momento, quantos contos eram na primeira edição, e
quais. Na edição de 1993, constam 24 contos, alguns posteriormente incluídos em
outros livros de contos de Frei Fidélis, como O Filho do Baby Doll e Tesouro
Escondido no Campo. Alguns contos apresentam personagens que ou
protagonizam ou tem papeis importantes em outros contos da mesma coletânea –
alguns personagens, ao que tido indica, realmente existiram, e Fidélis Barbosa
resgata-lhes a memória através das pequenas histórias de sua vida. Bem, os
contos de O PRIMEIRO BEIJO são os seguintes...
O Primeiro Beijo, que
dá título ao livro, trata de uma história de conversão. Uma família, em crise
por conta dos vícios do marido, e bem na época em que a filha está recebendo a
Primeira Comunhão na igreja, acaba reencontrando o caminho para a harmonia
familiar justo naquele momento. Tudo dependeu de dois gestos: o pai comparecer
à missa, e a filha pedir perdão aos pais, como parte da cerimônia.
O Perfume de Santa Rita é um
dos contos que trazem a presença do Padre Paulo, um conhecido de Fidélis
Barbosa que passou um período na Europa. No conto, é narrado um milagre
ocorrido durante uma peregrinação motorizada pela Itália, rumo ao santuário de
Santa Rita de Cássia. Teria a santa intercedido para que os romeiros não
perdessem a viagem?
O Mendigo, aparentemente,
é um dos contos incluídos em edição posterior, já que narra acontecimentos
ocorridos em 1983. Como um mendigo, conformado com sua vida dependente da
caridade alheia, reagiu diante da tragédia provocada por uma enchente na cidade
onde vivia.
O Sorriso de Mônica narra
como um simples sorriso de uma garota pode mudar a vida de algumas pessoas em
situação de desesperança.
Em Visão Macabra, o Padre Paulo, após
retornar ao Brasil e prestando aulas de Geografia no Ginásio Duque de Caxias,
de Lagoa Vermelha, RS, conta a seus alunos algumas curiosidades sobre suas
viagens pela Europa – sobretudo sobre os ossários e corpos mumificados
presentes nas cidades de Évora, em Portugal, e em Palermo, na Itália.
Na Floresta Amazônica narra
uma dramática história de sobrevivência. Os sobreviventes da queda de um avião
na dita floresta precisam sobreviver na medida do possível, com recursos
escassos. A salvação acaba vindo de... um papagaio.
Na Solidão do Deserto narra
um episódio da vida de dois santos no século IV – o encontro de São Paulo
Eremita, religioso romano que resolveu se refugiar no deserto, e Santo Antão
Abade, o responsável por lhe dar sepultura.
A Tentação é
outro conto com participação do Padre Paulo. Aqui, ele ouve uma história a
respeito de um camponês que tem a chance de colocar as mãos em um tesouro que
ele presenciou ser enterrado por dois irmãos, mas tal perspectiva, em
realidade, acaba tirando sua paz – e a necessidade de fazer a coisa certa lhe
traz bem-aventurança.
O
Padre Paulo retorna a seguir em Ciclista
Cego, uma breve reunião de pequenos fatos pitorescos presenciados em sua
estadia em Portugal – entre eles, um homem cego de nascença que, ainda assim,
consegue andar de bicicleta sem bater em nada.
Em Flor do Charco, Fidélis Barbosa conta, à
sua maneira, a história de Santa Margarida de Cortona, uma jovem italiana do
século XIII que vivia uma vida de luxúria até encontrar o arrependimento e o
propósito de viver uma vida santificada.
Em O Anjinho, uma professora conta algumas
histórias da época da imigração italiana no Rio Grande do Sul, entre elas a de
um menino exemplar e seu destino trágico e inesperado.
Em O Jardim Talado, o autor narra como uma
comunidade acabou arruinada porque suas mulheres resolveram aderir ao controle
de natalidade – ao aborto e à esterilização.
Em A Maldição, nos é narrada a trágica
história de um filho desobediente e viciado que, no fim, termina louco – tudo
apesar dos esforços de sua mãe, e do padre que cita passagens bíblicas até não
mais poder.
Em A Nevada de 1965, outro conto incluído
posteriormente, um espetáculo natural ocorrido naquele ano – a queda de
formidável quantidade de neve – acaba se transformando em tragédia para a
população de Lagoa Vermelha. Só a boa vontade dos céus pode afastar das pessoas
um pensamento de fim de mundo.
O Filho do Baby Doll, que
mais tarde batiza o livro homônimo, é um pequeno tratado sobre como resgatar a felicidade
conjugal: basta a esposa investir um pouco na aparência pessoal, e assim o
marido deixará a amante de lado. É o que faz a esposa do prefeito de uma
cidade, ao ouvir os conselhos de um terapeuta.
Respeito conta
a história de um inteligente e fiel cachorro que viveu uma vida feliz ao lado
de seus donos, acabou tendo um destino trágico e, por caprichos da vida, acaba
“promovido” a santo milagreiro.
Em O Pequeno Marginal, o
personagem-narrador conta sua história de sofrimentos, rancores e redenção. Nascido
filho de uma prostituta, vive uma vida de marginalidade, e até cogita se vingar
de um homem que lhe fizera mal, porém, encontra um novo propósito de vida ao
ser recolhido à Casa do Menor Abandonado de Lagoa Vermelha, ficar aos cuidados
de um professor que o auxiliou, e, no final, encontrar o perdão por parte de
seu agressor e um novo propósito de vida, que o levará a se tornar um adulto
responsável.
Em A Normalista, o professor Idílio
Biavatti, da Casa do Menor Abandonado, e que auxiliara o personagem principal
do conto anterior, narra como conseguiu tirar uma jovem, que fora desgraçada, do
abismo da prostituição, reconciliá-la com a família e arranjar a ela um
casamento, conseguindo recoloca-la no bom caminho.
Em O Pinheiro, o autor fala a respeito de
uma árvore; o pinheiro do título dera muita alegria a quem visitasse um campo.
Ao ser derrubado, acaba servindo a outros propósitos – o que impede o narrador
de reclamar com o responsável pelo crime.
Em Tesouro Escondido no Campo, que dá
título a outro livro do autor, nos é contada a história de um rapaz pobre,
porém trabalhador e ambicioso que, guiado por sonhos, resolve comprar um lote
de terreno não-aproveitado na esperança de encontrar um tesouro enterrado – mas
ali, acaba encontrando muito mais do que esperava, e à custa de muito trabalho.
O Nhandu destoa
dos demais contos por ser mais humorístico e menos cristão. Narra uma divertida
história de caçada nos campos, onde até emas – também chamadas de avestruzes ou
nhandus – acabam envolvidas. E o personagem principal, no propósito de apanhar
um desses animais vivo, acaba sofrendo bastante...
O Negrinho do Pastoreio é a
versão de Fidélis Barbosa para uma das mais tradicionais lendas do Rio Grande
do Sul – a história de um pequeno escravo que sofre nas mãos de seu senhor, e,
no final, acaba sendo santificado.
Em O Ébrio, mais uma história de redenção,
da tragédia à conversão. A história de uma família em crise por conta do
alcoolismo do marido, que passa por poucas e boas na luta contra o vício,
inclusive indo trabalhar em um colégio de freiras, até a cura vir... da
intervenção divina, de um milagre.
E,
para terminar, Arlete conta um novo
episódio da vida do Padre Paulo, este ocorrido antes de ele embarcar para a
Europa. Antes da partida, ele acaba conhecendo uma jovem que se apaixona por
ele, mesmo essa afeição sendo impossível; mas ambos continuam se
correspondendo, até que, de uma hora para outra, a jovem Arlete para de
escrever. O que teria acontecido?
Esta
edição de O PRIMEIRO BEIJO apresenta alguns erros de ortografia, distrações por
parte dos responsáveis pela edição. E não são poucos.
Porém,
vale uma lida, como forma de entrar em contato com uma mentalidade que já ficou
ultrapassada. O que aconteceu realmente com o antes respeitável povo do Rio
Grande do Sul, nascido de uma mescla de raças e etnias que primavam pelo
trabalho abnegado e pela religiosidade?
Esta
resenha é uma versão revista e com alterações do texto publicado anteriormente
no blog Estúdio Rafelipe (https://estudiorafelipe.blogspot.com.br/).
Aproveitem e conheçam.
Como
tantos outros livros de Fidélis Barbosa, este também se encontra disponível na
Biblioteca Pública Municipal Theobaldo Paim Borges. Conheçam e se encantem.
E,
aos poucos, vamos retomando nosso ritmo normal de ações de divulgação de nossa
instituição.
Até
a próxima resenha!
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
Marco Nanini narra "Velha História" de Mário Quintana. Curta esse filme!
Por favor, deixa o Outro Mundo em paz!
O mistério está aqui.
(Mário Quintana)
Preciosismo?
Eles erram sempre de maneira complicada que eu não atino como ainda não descobriram que seria muito mais fácil escreverem certo.
(Mário Quintana)
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